União interrompe Luz para Todos em Minas
O Programa Luz para Todos, a grande promessa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de universalizar o acesso a energia elétrica em todo o Brasil, foi interrompido em Minas Gerais. Faltando realizar mais de 100 mil ligações no Estado,
Publicado 21/06/2007 11:47 | Editado 04/03/2020 16:52
Com isso, as empreiteiras contratadas pela Cemig para efetuar as obras (Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão) já dispensam os profissionais contratados. A informação da paralisação das atividades do Luz para Todos foi confirmada pelo coordenador do Comitê Gestor de Furnas, responsável pelo programa no Estado, Marcílio Magalhães, e reforça a reportagem publicada pelo jornal O TEMPO no último domingo, que apontava as deficiências do programa em Minas Gerais, Estado que só perde para a Bahia na demanda por eletrificações. Segundo Magalhães, no Sudeste, os contratos foram suspensos em Minas e no Espírito Santo.
“Realmente, o contrato da Eletrobrás com a Cemig acabou, e ela alega que não tem verba para continuar as ligações. Está sendo avaliada a possibilidade de um terceiro contrato, mas não há nada definido. Por enquanto, no que diz respeito às eletrificações de responsabilidade da Cemig, o programa está parado”, afirmou Marcílio, que viajou ontem para Brasília. “Amanhã (hoje), teremos reunião no ministério, com representantes da Eletrobrás e da Cemig para discutir o assunto.”
Concessionárias
Segundo Magalhães, fora a Cemig – que responde pelos trabalhos do Luz para Todos em 91% do território mineiro -, as outras três concessionárias integrantes do programa no Estado, as companhias Força e Luz Cataguases-Leopoldina, a Elétrica Bragantina e a Luz e Força Mococa, ainda estariam finalizando as eletrificações pendentes.
No entanto, ele garante que também não foi firmado com elas um novo contrato. “Com a paralisação do programa, a perda para Minas será muito grande.” Em nota, a Cemig não esclareceu se as obras estão ou não paradas e limitou-se a contestar o atraso do programa.
Maioria das cidades prejudicadas fica no norte
A notícia da interrupção, sem previsão de retomada, do programa Luz para Todos em Minas Gerais joga um balde de água fria na esperança dos moradores de comunidades rurais e carentes mineiras, que esperam há quase quatro anos pela chegada da tão sonhada energia elétrica.
Segundo levantamento feito pela coordenação do programa em Minas, em 25 municípios, a maioria localizada na região Central e no Vale do Rio Doce, a segunda fase do programa deflagrada no começo de 2006 ainda nem teve início. João Monlevade, que fica a apenas 108 km de Belo Horizonte, é um exemplo. Além disso, nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, e no Norte de Minas, cerca de 25% das eletrificações previstas na meta inicial do programa ainda estão pendentes e, com o fim do contrato, vão continuar assim.
O levantamento mostra ainda, que nas regiões mais desenvolvidas do Estado, como no Sul e Sudeste, o programa está bem adiantado. Já nos rincões mais pobres (Norte, Vale do Jequitinhonha, etc) falta muito a ser feito. Das 100 mil ligações que ainda precisam ser efetuadas no Estado, 64% são no Norte e apenas 36%, no Sul.
Melhor do Brasil
Além de não comentar a suspensão do programa, a Cemig nega que exista atraso nas obras do Luz para Todos em Minas. Em nota enviada ontem à redação de O TEMPO, a estatal mineira informou que é, entre todas as concessionárias que participam do programa no país, a que mais realizou ligações.
De acordo com a Cemig, foram 181 mil até agora. Além disso, a concessionária declarou que cumpriu tudo aquilo que foi acordado nos contratos com o Ministério das Minas e Energia e a Eletrobrás, em termos de número de ligações.
Novas demandas
A Cemig informou, ainda, que está “trabalhando no sentido de atender às novas demandas que estão surgindo e procurando alternativas para viabilizar essas novas ligações, tendo em vista que o contrato inicial firmado com o Ministério das Minas e Energia e Eletrobrás previa 155 mil ligações, podendo chegar a 176 mil através de aditivo ainda em negociação”.
Fonte: Jornal O Tempo