Investimento estrangeiro atinge recorde em junho
Os investimentos estrangeiros diretos no Brasil atingiram valor recorde em junho, de US$ 10,318 bilhões, mais de dez vezes o volume do mesmo mês do ano passado, informou o Banco Central nesta segunda-feira (23).
Publicado 23/07/2007 14:17
Deste total, cerca de US$ 5 bilhões corresponderam à operação de compra de ações de minoritários da Arcelor Brasil pela Arcelor Mittal.
Segundo o BC, houve ainda operações relevantes nos setores de intermediação financeira e de serviços prestados a empresas, em um total de cerca de US$ 2 bilhões.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, afirmou que o total de investimentos foi um “ponto fora da curva”, mas que os recursos aplicados de forma disseminada, cerca de US$ 3 bilhões, ainda são “muito elevados”.
Para julho, a projeção do BC é que os investimentos estrangeiros somem US$ 3,5 bilhões.
“Acho que a gente caminha para a consolidação de um novo patamar”, afirmou Lopes. Para ele, o processo de fusões e aquisições que ocorre em todo o mundo está tendo, sobre o Brasil, impacto semelhante sobre o fluxo de investimentos que tiveram as privatizações nos anos 1990.
“Mas o processo atual é mais sustentável”, afirmou Lopes. Ele destacou que a estabilidade econômica e a queda do risco país também favorecem a entrada de investimentos.
No primeiro semestre, os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 20,864 bilhões, valor também recorde e ante US$ 7,385 bilhões em igual período de 2006. O volume já deixou desatualizada a previsão do BC para o ano, de US$ 25 bilhões, mas o dado ainda não foi revisado.
O mercado elevou a projeção para os investimentos estrangeiros diretos no ano, de US$ 21,5 bilhões para US$ 23 bilhões, segundo pesquisa do BC também divulgada nesta manhã.
Transações correntes
As transações correntes do país registraram superávit de US$ 696 milhões em junho, ante resultado positivo de US$ 632 milhões no mesmo período do ano passado.
O resultado ficou acima do projetado pelo BC, de estabilidade nas contas. Segundo Lopes, isso se deveu “fundamentalmente” ao resultado das receitas com juros, que estão sendo infladas pelas reservas internacionais elevadas.
Em junho, essas receitas (brutas) somaram US$ 900 milhões, frente a US$ 381 milhões no mesmo mês de 2006.
As remessas líquidas de lucros e dividendos foram de US$ 1,746 bilhão no mês passado, em linha com igual período do ano passado.
Lopes destacou, contudo, que, com o crescimento do estoque de investimentos, é “natural” que essas remessas continuem em alta. O BC aposta que as transações correntes fecharão o mês com superávit de cerca de US$ 100 milhões.