Hitler vive: para cardeal, arte sem religião é 'degenerada'
O alemão Joachim Meisner, cardeal arcebispo de Colônia, recorreu a um vocabulário tipicamente hitlerista para expressar seus princípios estéticos. Na opinião de Meisner, a produção artística moderna, por não ter relação com a religião, é arte degener
Publicado 15/09/2007 22:56
“Quando a cultura não está ligada à religião, à adoração a Deus, ela se converte em um rito e a arte se degenera”, filosofou Maisner na sexta-feira (14), durante sermão na catedral de Colônia.
O termo “degeneração” tem fortes conotações ligadas ao Terceiro Reich e à proibição de algumas formas de arte. Foi essa a expressão utilizado pelos nazistas para justificar a perseguição a artistas durante o governo de Adolf Hitler, nos anos 30 e 40.
Quando chegaram ao poder, em 1933, os nazistas proibiram a exposição em museus alemães de aproximadamente 20 mil obras de arte. Os mais atingidos foram os expressionistas. Artistas como Wassily Kandinsky, Paul Klee e Edvard Munch foram perseguidos no período.
Fama conservadora
Duramente criticado neste sábado (15) pelo preconceito, Meisner se defendeu em uma emissora católica. Disse que sua intenção era dizer que, “quando arte e religião não estão unidas, ambas são prejudicadas”.
As desculpas não evitaram a chuva de protestos sobre o cardeal. “Pensava que esse tipo de coisa já era história na Alemanha”, declarou Michael Vésper, ministro para o estado da Renânia do Norte-Westfalia. “No entanto, há um alto membro da Igreja Católica que ainda as usa.”
O secretário-geral do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Stephan Kramer, qualificou Meiser — conhecido por suas posições conservadoras — como uma figura “notoriamente incendiária”.