Juventude trabalhadora quer redução da jornada de trabalho
O 1º Encontro Estadual da Juventude Trabalhadora da Federação dos Trabalhadores da Indústria de Santa Catarina (FETIESC), realizado domingo (23), no Centro de Educação Sindical da Federação, em Meia Praia, Itapema foi realizado repleto de êxito. A deputad
Publicado 27/09/2007 11:29 | Editado 04/03/2020 17:14
Manuela centrou seu discurso no direito e necessidade que a juventude tem de frequentar a escola e buscar a formação, antes mesmo de ingressar no mercado de trabalho. “O principal problema é a contradição entre trabalho e educação”, afirma. O trabalho não é opção, mas necessidade de ajudar no orçamento familiar, por vários motivos: “O pai está desempregado, a namorada engravidou”, ilustrou a palestrante, lembrando que 38% dos motivos da evasão escolar estão relacionados à gravidez na adolescência.
“Quem é, onde está e quais os principais problemas enfrentados pela juventude brasileira?”, indagou a deputada, reforçando que existem hoje 50,5 milhões de jovens no país. “Vivemos a chamada onda jovem porque nunca houve contingente tão elevado de jovens entre a população”, lembrou Manuela. Disse que a realidade da juventude não é aquela de um Encontro Estadual como o ocorrido na Fetiesc: “Ser jovem e estar empregado e sindicalizado, como é o caso de vocês, é um privilégio”, comparou a deputada. Afinal, emendou, “do total de desempregados no país, a metade é de jovens”. Acrescenta que existe pouca vontade de se trabalhar com políticas públicas para a juventude, de envolver esses mais de 50 milhões de brasileiros e brasileiras. “A juventude tem idade diferente, fase diferente, então, tem que ter política específica”, defende.
“Se 9% da juventude tem acesso ao ensino superior no país, é sinal de que os outros 91% nâo têm, é necessário inverter esta lógica”. Educação e trabalho não são adaptados para a juventude brasileira e, “assim, a escola passa a ser algo dispensável”, compara Manuela D’Ávila, citando como exemplo que “48% dos acidentes de trabalho acontecem com os e as jovens, devido à jornada dupla – trabalha oito horas e vai para a escola – e porque é a mão-de-obra mais fragilizada, que aceita tudo sem exigir direitos”. A deputada critica especialmente o banco de horas, “que inviabiliza a juventude”.
Um dos pontos altos do debate foi quando um jovem trabalhador do setor têxtil do Estado indagou a deputada sobre a grande dificuldade em conciliar trabalho e estudo, em como prover lazer, cultura, educação e qualidade de vida com um salário de R$ 500,00 (média salarial que a juventude da indústria recebe). “A juventude deve organizar-se nos movimentos e lutar por melhores condições de vida, de trabalho e ainda por redução da jornada de trabalho para, assim, o jovem pobre ter as mesmas condições do jovem da classe média e rica deste país. Não sou contra o jovem da classe rica deste país até os 24 ou 25 anos só estudar e qualificar; sou a favor de que o jovem da periferia, que não tem condições financeiras, também possa ter esta oportunidade” reforçou Manuela.
Participaram do encontro cerca de 200 jovens trabalhadores e trabalhadoras de cidades como Blumenau, Indaial, Gaspar, Pomerode, Jaraguá do Sul, Lages, Otacílio Costa, Biguaçu, Itajaí, Chapecó, Rio do Sul, Itapema, Florianópolis, Joinville entre outras, bem como vários representantes de Movimentos Sociais, autoridades municipais e lideranças sindicais. “Quando a gente encontra essa galera aqui na Fetiesc é a maior prova de que existe, sim, como mudar e construir um futuro melhor para o país”, finalizou.
O 1º Encontro Estadual da Juventude Trabalhadora da Fetiesc, realizou na parte da tarde a Conferência Livre da Juventude, formando grupos de discussão, oportunizando a Juventude Trabalhadora do Estado discutir as maiores dificuldades que ela enfrenta e ainda apontar e propor sugestões para mudar esta realidade. Dentre os principais desafios levantados pela Juventude destacam-se: a falta de oportunidades, o preconceito com a Juventude e com maior ênfase a problemática em conciliar trabalho e educação, apontando a redução a jornada de trabalho como a principal luta para ser deflagrada.
Seminários Regionais
Para o presidente da Fetiesc, Idemar Antônio Martini, os e as jovens precisam ocupar os espaços de direção nos sindicatos e federações de trabalhadores. “Nada menos de 80% da classe trabalhadora são de jovens entre 18 e 30 anos”, lembra Martini, que se empenhou pela criação da Secretaria da Juventude da Fetiesc e orienta as demais federações a fazerem o mesmo. “A bola da vez é da juventude e da mulher e as Federações dos Trabalhadores do Paraná e Rio Grande do Sul também estão voltadas a essa estruturação prioritária”. Martini disse que os Sindicatos filiados à Fetiesc devem realizar seminários regionais para criar as Secretarias da Juventude Trabalhadora nas suas entidades.
Com informações da Fetiesc