Messias Pontes: Partido da Mídia blinda o ninho tucano

A grande mídia conservadora, venal e golpista, não há como negar, transformou-se no maior partido político do Brasil, mesmo não obtendo um único voto popular. Isto não é mais segredo para ninguém. Só os ingênuos ou os de má fé podem afirmar o contrário, j

Em 1954, levou o presidente Getúlio Vargas ao suicídio; um ano depois, tentou evitar a eleição e a posse de Juscelino Kubitschek na Presidência da República; em 1961, tentou impedir a posse de João Goulart, vice-presidente eleito, depois da renúncia de Jânio Quadros; em 1964, teve papel relevante no golpe militar de 1º de março; em 1982, de novo a Globo no papel principal, tentou fraudar o resultado das eleições para o governo do Rio de Janeiro, através do Proconsult, mas foi desmascarada por Leonel Brizola; em 1989, principalmente a Rede Globo, ajudou a eleger o desastrado “caçador de marajás” Fernando Collor de Mello; em 1994 ajudou a eleger o outro Fernando – o Coisa Ruim -, o mesmo fazendo em 1998, reelegendo-o através de uma campanha terrorista.


 



O antijornalismo da Globo é vergonhoso. Durante a campanha das Diretas Já, o Jornal Nacional omitiu completamente a presença de milhares de pessoas nas ruas pedindo eleições diretas para presidente da República. No dia 25 de janeiro de 1984, mais de 300 mil pessoas participavam do primeiro grande comício em São Paulo, fato mostrado pelas demais televisões. No entanto o que foi noticiado pelo JN naquele dia era que “uma multidão estava nas ruas comemorando o aniversário da cidade”. 


 



Outra vergonhosa prova do antijornalismo da Globo aconteceu no ano passado quando um Boeing da Gol colidiu com um legacy, caindo na selva e matando 154 pessoas, entre elas vários cientistas e pesquisadores da Embrapa. Mesmo a notícia tendo sido divulgada pelas demais emissoras, a Globo simplesmente não a divulgou, apesar da matéria estar editada e pronta para ir ao ar. Logo depois soube-se que a direção da emissora proibiu a sua divulgação para não tirar de foco a “ruma de dinheiro” apreendida com os “aloprados” do PT. Tudo para beneficiar a candidatura do tucano Geraldo Alckmin e levar a eleição para o segundo turno, o que acabou acontecendo.


 



Já com relação à tragédia com o avião da TAM, o comportamento foi bem diferente. Equipes da Globo se revezavam nas proximidades do aeroporto de Congonhas, mostrando ao vivo aquele que foi o maior desastre da aviação brasileira, quando morreram 199 pessoas, superando a da Gol. No mesmo dia do acidente – 17 de julho –  os amestrados da Globo acusaram o presidente Lula de ser o responsável pela tragédia. Depois ficou provado que defeitos mecânicos da aeronave foram os responsáveis pela tragédia.


 



Com o amadurecimento da sociedade, a grande mídia sofreu a sua primeira derrota em 2002, apesar de passar toda a campanha demonizando o candidato das forças populares Luiz Inácio Lula da Silva, não conseguindo eleger o seu candidato José Serra, em coligação com o PSDB e o PFL, hoje DEMO. Não conformada com a acapachante derrota, tudo fez para inviabilizar o governo do presidente Lula, chegando explicitamente a pregar o golpe, em especial depois do desvio de conduta de setores do PT. 


 



A mentira, a manipulação e a omissão de notícias são uma constante, isso sem falar que esse grande partido denuncia, julga e condena quem se opõe à elite despudorada brasileira e ao império do Norte. Durante o desgoverno tucano-pefelista (1995 a 2002) a corrupção foi institucionalizada no País, mas o ninho tucano foi blindado. Os maiores  escândalos de nossa história, com o desmonte do Estado através da privataria e da compra de votos para a aprovação da emenda constitucional que garantiu a reeleição do Coisa Ruim, foram escondidos, com raras e honrosas exceções.


 



Com a denúncia do deputado petebista Roberto Jefferson, que foi cassado por não provar o que chamou de “mensalão”, a imprensa conservadora, venal e golpista acelerou ainda mais a tentativa de apear Lula da Presidência e impedir a sua reeleição. Ainda hoje os petistas e alguns aliados do Governo são tachados de “mensalistas”. Contudo essa mídia procura esconder que foi o PSDB quem deu início ao que se poderia chamar de “mensalão tucano”, irrigado pelo duto do publicitário Marcos Valério, ou valerioduto, durante a campanha eleitoral de 1998, quando o então governador tucano Eduardo Azeredo não conseguiu se reeleger em Minas Gerais. 


 



Na edição da semana passada, a revista ISTOÉ divulgou o que todos já conheciam, mas usou o eufemismo de mensalão mineiro, objetivando, com isso, desviar o foco do ninho tucano, embora cite explicitamente o ex-governador e atual senador Eduardo Azeredo e o então candidato a deputado federal e atual governador Aécio Neves.  Toda a mídia, a partir de então, passou a se referir às maracutaias tucanas chamando-as de mensalão mineiro. Por que não chamar de mensalão tucano?


 



O deputado Fernando Ferro, do PT pernambucano, usou a tribuna da Câmara para denunciar a parcialidade da revista e também reconhecer que companheiros seus se utilizaram do valerioduto para carrear recursos para suas campanhas. Em boa hora nomeou a direção do Partido da Imprensa, com Arnaldo Jabor na presidência, Miriam Leitão na secretaria-geral, e Diogo Mainardi na tesouraria. Corroborando com a idéia, o jornalista Paulo Henrique Amorim – que tem honrado a sua categoria – nomeou o Coisa Ruim presidente de honra.


 



A exemplo dos sem terra e dos sem teto, os órfãos da notícia que não se deixam pautar pela mídia conservadora, venal e golpista e pelos jornalistas amestrados, num momento de felicidade, também criaram o seu movimento: o MSM – Movimento dos Sem Mídia. Esse movimento ganha corpo com a proximidade do dia cinco de outubro, data em que expira o prazo da concessão da TV Globo, a mais golpista de todas. 


 



É oportuno repetir o que afirmou o professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, Murilo César Ramos: “O instituto da concessão e da permissão para os serviços de radiodifusão no Brasil é uma anomalia normativa e precisa ser revisto em profundidade, com urgência. Desde os preceitos constitucionais que o assegura, até a legislação”.


 



Não somos ingênuos para acreditar que a maioria dos deputados seja contra a renovação da concessão, por mais 15 anos, da televisão da famiglia Marinho. Porém acreditamos que um grande movimento de massas fará com que os deputados imponham à TV Globo o seu enquadramento às normas jurídicas pertinentes. A democratização da comunicação é uma exigência da sociedade.


 


Messias Pontes é jornalista