Seminário debate sociedade e educação em Campinas

A Câmara Municipal de Campinas realizou na segunda (15/10) o Seminário de Educação. A iniciativa do coordenador-geral da biblioteca popular Paulo Freire, Francisco Genézio Lima de Mesquita, teve o apoio do vereador Sérgio Benassi (PCdoB). O seminário a

Para o secretário municipal de Educação, professor Graciliano Oliveira Neto, a comemoração vale como referência, como reflexão, pois quando foi criado o Dia do Professor tinha como objetivo demonstrar o reconhecimento da sociedade para com o professor. Graciliano considera que hoje a situação não é mais assim, pois ''não há mais reconhecimento da sociedade sobre a importância do papel do professor''. Para ele, seria importante resgatar esse papel. ''Hoje tratam a educação como uma commodity – uma mercadoria de importância comercial'', afirma. Também a visão que se tem sobre educação é apontada como fonte de problemas. Graciliano cita o caso de tribunais de contas que glosam investimentos educacionais em capoeira, música por considerar que isso não é educação, é cultura. Uma postura mecanicista que não colabora para a formação da cidadania.


 


 


O vereador Benassi lembra que é graças à contribuição de gerações de professores que devemos a grandeza da construção do Brasil. Mas, Benassi alerta para falsas expectativas que pesam sobre a educação, hoje. ''Fora dos muros das escolas, temos uma sociedade que vive uma série de problemas. Querer que a escola seja uma bolha de felicidade num mundo conturbado é uma falsa expectativa. Mas, mesmo com todos esses problemas, a escola é a trincheira dos seres humanos para uma vida civilizada, sem escola viveríamos na barbárie. É a escola que evita a degradação completa da sociedade'', conclui Benassi.


 


 


A professora e mestre em Educação, Helena Costa Lopes de Freitas, considera que está faltando ação do Estado para melhorar a educação. O papel do Estado, no modelo neoliberal, de estado mínimo, enxuto, está impondo referências regressivas às escolas públicas em toda a América Latina. Isso aumenta as dificuldades para transformar estudos e projetos em ações concretas. ''A crise da educação vai além da crise de valores da nossa sociedade'', aponta a pedagoga. A redução do investimento público e a baixa preocupação com a formação dos professores são exemplos da necessidade da intervenção do Estado para uma educação de qualidade. A professora desmistifica uma opinião que se está tentando forjar de que a solução para o problema da educação no Brasil dispensa a ação do Estado. ''Em nenhum país do mundo aconteceram mudanças na educação sem a participação ativa do Estado'' finaliza.


 


 


A pedagoga e mestre em Educação Anita Zimmermann levou as pessoas presentes a um passeio reflexivo sobre a profissão. A pedagoga discorreu sobre os compromissos que todos devem ter perante a educação. Qual o papel do educador, como ele se comporta, como agem as crianças, o que esperar delas e de suas famílias, quem são essas famílias? As questões foram remetidas à platéia como contribuição. Já Lilia de Oliveira Rosa, mestre em Música pela Unicamp, tratou da falta de prestígio que o ensino de música tem na atual visão tecnicista dos currículos escolares. Ela apontou ainda uma grande incoerência nessa ótica, ''se a educação – na visão de alguns – deve servir ao mercado, por que formar artistas não é considerado um trabalho educacional profissionalizante?''


 


 


Duas apresentações musicais também mexeram com a platéia. O Quarteto de Saxofones da Unicamp apresentou uma variedade de clássicos do Chorinho enquanto o coral de Música Indígena, composto pelos alunos da Escola Municipal Edson Luiz Chaves, expôs temas do cancioneiro popular e do repertório da cultura das tribos que habitam o Brasil desde antes da chegada dos europeus.


 


 


De Campinas,
Agildo Nogueira Jr.