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Morales defende que sede das Nações Unidas saia dos EUA

O presidente da Bolívia, Evo Morales, que está na Itália para receber um prêmio internacional, queixou-se do tratamento dado a ele e membros de seu governo quando precisam ir às Nações Unidas. ''Na última vez, nos impediram de aterrissar

Em entrevista, o presidente boliviano comentou: ''parece que se divertem complicando nossa vida: hoje não temos problemas com os norte-americanos, mas com seu governo que atua de forma imperialista e contra a liberdade e a soberania de outros povos''.


 


No final de setembro, durante seu discurso na Assembléia Geral da ONU, o presidente Morales já havia dito que a comunidade internacional deveria pensar na possibilidade de mudar de sede.


 


“Chegamos aqui e nos vemos ameaçados pelo dono da casa”, disse Morales, em referência ao presidente dos EUA, George W.Bush.


 


O presidente boliviano denunciou que sua delegação teve muitos problemas para conseguir os vistos de entrada em território americano.


 


O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, anunciou no fim de semana que o governo boliviano vai iniciar uma campanha internacional para promover a mudança da sede das Nações Unidas.


 


Segundo Quintana, que viajou para Nova York com Morales, os EUA dão um tratamento “arrogante, intolerável, degradante e humilhante” a algumas delegações.


 


Cultura da coca


 


Morales reiterou sua defesa da produção da folha de coca, que assegurou, foi o que o levou à Presidência da Bolívia. 


 


Morales explicou ''que não se pode confundir a folha de coca com a cocaína, nem seus produtores com narcotraficantes, nem seus consumidores com drogados''.


 


O presidente boliviano, que foi líder sindical dos plantadores de coca, também explicou que defende a plantação de coca porque para os bolivianos ''é sagrada'' e ''ajuda a suportar a vida a 4.000 metros de altitude''.


 


''Eu não defendo o narcotráfico, defendo uma plantação que em nossa cultura é benéfica, ajuda a suportar a fadiga e a vida a 4.000 metros de altitude'', disse Morales em uma entrevista publicada neste domingo pelo jornal italiano ''La Repubblica''.



Morales, que está hoje na Itália, onde recebeu um prêmio do centro Pio Manzú –entidade dirigida pelo Prêmio Nobel da Paz 1990 e ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev–, disse que o que ele defende são ''as plantações legais''.


 


''Nós não consumimos cocaína, esse é um problema de vocês, nós consumimos uma infusão de folhas, também as mastigamos e as usamos em remédios, além de fazer um bolo'', explicou ao jornal.


 


O presidente boliviano pediu à Europa e aos Estados Unidos que impeçam que as contas bancárias sejam secretas como medida imprescindível para se lutar contra os narcotraficantes.


 


Além disso, pediu às ''Nações Unidas que retirem a folha de coca da classificação de entorpecentes'', já que, apesar de ser a matéria-prima da qual se obtém a cocaína, apresenta ''grandes benefícios''.


 


Por isso, defendeu seu projeto de ''delimitação'' dos cultivos, mas ''sem chegar nunca à erradicação total'' pois, acrescentou, isso representaria um ''dano histórico ao movimento indígena''.


 


Agenda extensa


 


Durante sua estadia na Itália, Morales se reunirá em Roma com a comunidade boliviana e com autoridades italianas, entre os quais estão o presidente da República, Giorgio Napolitano, o chefe de governo, Romano Prodi, e o presidente da Câmara dos Deputados, Fausto Bertinotti.



Além disso, o presidente boliviano, que é apaixonado por futebol, irá na terça-feira (30) a Trigoria, nas redondezas da capital, onde treina o clube de futebol Roma, para falar sobre sua campanha contra a Fifa, que proibiu partidas internacionais a mais de 3.000 metros de altura.
 


''Nosso estádio em La Paz está a 3.600 metros'', comentou.


 


Balanço de governo


 


Na entrevista, o presidente latino-americano também traçou um balanço de seus dois anos no poder e falou de sua relação privilegiada com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.


 


''Temos nacionalizado o gás e isso nos permitirá investimentos em projetos maiores em diversos programas sociais: o primeiro já colocamos em prática, que dá hoje a todos os idosos uma renda'', afirmou.


 


''Depois iniciamos a reforma agrária: tiramos as terras não cultivadas dos latifundiários e as demos aos camponeses indígenas'', disse.



Sobre a Venezuela, Morales disse que foi ''o primeiro país a demonstrar sua amizade concreta quando pela primeira vez foi eleito na Bolívia um presidente indígena''.



''Temos uma situação econômica semelhante, ou seja, com grandes recursos naturais, e compartilhamos alguns programas sociais como o de assistência sanitária gratuita das missões dos médicos cubanos e a perspectiva do socialismo'', indicou.



Questionado sobre as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Morales disse que ''estas deveriam entregar suas armas porque o mundo pode mudar com a democracia'' e porque ''já não é mais tempo de lutas armadas''.


 


Da redação,
com agências