Depoentes entram em contradição durante acareação na CPI da Gautama
Os deputados distritais membros da CPI da Gautama ouviram o depoimento de mais quatro pessoas, na manhã desta segunda-feira, na Câmara Legislativa do DF.
Todos os convocados já haviam sido interrogados. Por isso, a sessão de hoje serviu para que os pa
Publicado 12/11/2007 18:02 | Editado 04/03/2020 16:42
Além dos dois, Marlan Peregrino Ramos Freitas, Paulo Sávio Cardoso e Adão Birajara Amador Farias também foram convocados. Farias, no entanto, não foi ouvido. Os quatro depoentes trabalhavam na Secretaria de Agricultura na época do repasse dos R$ 345,5 mil feito à construtora. “Todos tiveram participação decisiva nas irregularidades dos pagamentos efetuados à Gautama”, disse o presidente da CPI, deputado Bispo Renato (PR). Ele acrescentou que as acareações serviram para “formar convicções, já que o estabelecimento dos fatos e a ligação das pessoas a eles já foram feitos.”
Sandra e Hebert disseram aos distritais que participaram apenas da execução do contrato com a construtora. Ambos alegaram que não tinham a prerrogativa para efetuar os pagamentos. Segundo a CPI, foram dois os repasses irregulares: o primeiro, em abril de 2006, no valor de R$ 1,2 milhão. O segundo, no último dia 27 de dezembro, chegou a R$ 345,5 mil.
Hebert, que havia dito no último depoimento que nunca havia estado no local das obras na Bacia do Rio Preto, mudou a versão e confirmou nesta segunda-feira que visitou a região diversas vezes. Em outro momento, ele confirmou que havia autorizado o pagamento de R$ 1,2 milhão, mas negou ter autorizado o repasse de R$ 345,5 mil. As mudanças de versão irritaram o deputado Bispo Renato, que chegou a suspender o depoimento. O parlamentar ameaçou dar voz de prisão a Hebert, caso ele não se comprometesse a dizer apenas a verdade à CPI.
Sandra Regina de Oliveira David, por sua vez, se contradisse ao contar que os demais integrantes da Comissão de Fiscalização já foram convocados para reuniões e, ainda, que chegaram a contribuir no levantamento topográfico das propriedades que poderiam ser atingidas pela construção da barragem. Em depoimento anterior, Sandra afirmara que apenas ela e Hebert atuavam na comissão.
“Temos elementos que evidenciam que Hebert é culpado e que Sandra é apenas bode expiatório”, afirmou o Bispo Renato. Membro da comissão, o deputado Cabo Patrício (PT) considerou que as acareações foram fundamentais para que os fatos fossem esclarecidos. “Ficou claro que o pagamento feito no dia 27 de dezembro foi totalmente irregular”, concluiu.
Ex-governadores
Cabo Patrício voltou a cobrar a convocação dos ex-governadores Joaquim Roriz (PMDB) e Maria de Lourdes Abadia (PSDB). Para ele, não há dúvidas de que a Gautama recebia tratamento diferenciado. “Havia pressão política”, acusa. Patrício entende que um possível depoimento dos ex-chefes do Executivo local seria uma boa oportunidade para eles esclarecerem os fatos.
Um requerimento de convocação dos ex-governadores chegou a ser aprovado. Entretanto, a votação foi anulada por ter sido realizada durante sessão secreta da CPI. Bispo Renato considera que não haja indícios de que Roriz e Abadia tiveram envolvimento no tratamento privilegiado dado à construtora. Por isso, antecipou que não colocará o novo requerimento em votação na próxima reunião da CPI, marcada para o dia 20. “A convocação deles (ex-governadores) foi aprovada na sessão secreta por 3 a 1. Os parlamentares que votaram a favor não têm motivo para votar contra agora”, argumenta Cabo Patrício.
Com Correioweb