Seminário em Retirolândia discute as condições de trabalho no sisal
Melhores condições de trabalho e a possibilidade de inovações que resultem em sustentabilidade – com qualidade de vida para os trabalhadores – foram temas em destaque no Seminário Segurança e Saúde: Melhoria das Condições de Tra
Publicado 27/11/2007 19:17 | Editado 04/03/2020 16:21
José Fernandes, 29 anos, e Ademar Reis Carvalho, 26, começaram a trabalhar na cultura do sisal quando eram crianças. Como a maioria dos trabalhadores do sisal, a família deles também se dedica à atividade.
Fernandes teve a mão direita mutilada aos 19 anos de idade e foi aposentado por invalidez.
Ademar Carvalho sofreu o acidente em março deste ano e tenta se aposentar.
Essa dura realidade é comum entre os trabalhadores da Região Sisaleira que sofrem com as precárias condições de trabalho que, muitas vezes, resultam em acidentes.
Os trabalhadores se defrontam ainda com a insignificante remuneração pela prestação do serviço.
Para discutir a grave situação, o evento realizado no município de Retirolândia, a 240 quilômetros de Salvador, reuniu 120 participantes, entre trabalhadores rurais, pequenos produtores, líderes comunitários e representantes de entidades.
No painel Papel das Instituições na Região Sisaleira, o representante da Setre, Anivaldo Santos, fez uma breve apresentação da estrutura da Secretaria de Governo e do conceito de Trabalho Decente.
Debates
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Retirolândia, Noé Silvestre, os debates abordaram o valor do sisal, o direito do trabalhador e as condições de trabalho. “Infelizmente, os trabalhadores do sisal atuam informalmente e são mal remunerados”, constata Silvestre.
No ano de 2006, a exportação brasileira de fibra e produtos manufaturados somou cerca de 28,7 mil toneladas, que movimentaram mais de 25 milhões de dólares. Os dados foram apresentados pelo gestor de projetos do Sebrae, José Raimundo Carneiro. A Bahia produz 95% de todo sisal produzido no Brasil, “mas o trabalhador fica com a menor fatia desse bolo – apenas 10% do que é arrecadado”, pontua Carneiro.
O tema As precárias condições de trabalho na área do sisal foi apresentado pela auditora fiscal da Delegacia Regional do Trabalho (DRT/Ba), Graça Porto. Através de fotos, ela ilustrou as condições subhumanas dos alojamentos, o material de proteção feito pelos próprios trabalhadores, e a exposição ao sol, que pode acarretar câncer de pele. ''Outro problema são as extensas jornadas de trabalho, uma vez que eles ganham por produção”, disse Graça Porto.
O seminário é realizado em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Retirolândia, Sebrae, DRT/Ba, Prefeitura de Retirolândia, Fundacentro, Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Conceição do Coité, Companhia Nacional de Alimentos, Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), e Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab).
Nos dias 14 e 15 de dezembro, a Setre realiza no município de Carinhanha, o Seminário Segurança e Saúde: Melhoria das Condições de Trabalho dos Trabalhadores do Carvão.
Fonte : Ascom Setre