Lula deseja boa sorte à CTB e pede unidade dos trabalhadores
Em mensagem enviada ao congresso de fundação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), que acontece até sexta-feira (14) em Belo Horizonte (MG), o presidente Luís Inácio Lula da Silva desejou boa sorte à CTB e fez um apelo pela unid
Publicado 13/12/2007 19:24
A mensagem presidencial enviada nesta quarta-feira (12) elimina as dúvidas a respeito da opinião de Lula sobre a fundação da nova Central. O presidente, logo que soube da iniciativa promovida pela Corrente Sindical Classista (CSC), pelo Sindicalismo Socialista Brasileiro (SSB), e por dirigentes independentes do meio sindical, de sair da CUT e fundar a CTB, havia manifestado preocupação com a iniciativa.
Em telefonemas reservados Lula chegou a questionar os motivos que levaram as lideranças a formar o movimento pró-CTB. Uma reunião com lideranças sindicais do PCdoB e do PSB com o presidente ocorreu para que fosse esclarecido o sentido da CTB: buscar uma unidade mais ampla da classe trabalhadora a partir de uma central classista e democrática.
Os sindicalistas que estão fundando a nova Central argumentam que o hegemonismo da Articulação Sindical (Artisind), corrente sindical do PT que dirige majoritariamente a Central Única dos Trabalhadores, o posicionamento pouco independente da central cutista com relação ao seu governo, e a pluralidade crescente de centrais sindicais são elementos que reforçam que a unidade da classe trabalhadora não passa mais pela CUT.
A CTB e o Conclat
Nesse sentido, expressaram ao presidente que a CTB nasce para buscar construir essa unidade e que a primeira medida nesse sentido será um congresso da classe trabalhadora, inspirado na experiência da década de 80 do Conclat, onde todas as forças e entidades do movimento serão chamadas a participar.
A mensagem de Lula não se detém nos argumentos das lideranças pró-CTB, mas deixa claro a disposição do presidente em dialogar com a nova central no sentido de estimular uma agenda mais unitária da classe trabalhadora.
“Para mim, e para o governo federal, a interlocução com sindicatos e centrais é uma obrigação democrática e uma questão de princípios. E foi exatamente por isso que fizemos questão de ampliar, qualificar e intensificar as instâncias de diálogo. E tomamos as medidas necessárias para fortalecer a organização dos trabalhadores, como é o caso do reconhecimento das centrais – uma reivindicação de 25 anos – e a participação destas entidades no imposto sindical”, enfatiza a mensagem.
Leia abaixo a integra da mensagem presidencial.
“Mensagem do Senhor Presidente da República para a sessão de abertura do Congresso de Fundação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil”
Brasília, dezembro de 2007
“Caros dirigentes e associados da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil,
A evolução da democracia não pode ser descrita sem que se leve em conta o papel decisivo das entidades que, de forma organizada, representam a classe trabalhadora e lutam cotidianamente para que ela possa exercer os seus direitos.
Presentes nos mais importantes momentos da história brasileira – a luta pela redemocratização e a Constituição de 1988 são dois dentre muitos exemplos -, sindicatos e centrais sindicais continuam hoje a desempenhar um papel fundamental na vida política e social do país.
Estou me referindo à sua missão de unificar a luta dos trabalhadores; de fazer ouvir sua voz nas mais diferentes instâncias decisórias e de participar ativamente na elaboração e na implementação de políticas públicas.
Para mim, e para o Governo Federal, a interlocução com sindicatos e centrais é uma obrigação democrática e uma questão de princípios. E foi exatamente por isso que fizemos questão de ampliar, qualificar e intensificar as instâncias de diálogo. E tomamos as medidas necessárias para fortalecer a organização dos trabalhadores, como é o caso do reconhecimento das centrais – uma reivindicação de 25 anos – e a participação destas entidades no imposto sindical.
É nosso compromisso agora enviar para discussão no Congresso Nacional os instrumentos legais que implementam, no Brasil, dois pontos previstos pela Organização Internacional do Trabalho: a Convenção 151, que prevê a negociação coletiva dos servidores públicos, e a Convenção 158, sobre a demissão arbitrária dos trabalhadores. Da mesma forma, enviaremos ao parlamento a proposta para garantir que os trabalhadores tenham assento garantido no conselho das empresas estatais.
Com estas medidas, buscamos atender a reivindicações históricas da classe trabalhadora e de suas entidades de representação. Todos sabemos, porém, que é necessário avançar ainda mais. Acredito que a construção de uma agenda única com denominadores comuns – pontos consensuados entre todos os sindicatos e centrais, independente de sua cor ou bandeira – é talvez a melhor forma de dar força a pleitos históricos dos trabalhadores.
Quero, portanto, reafirmar o compromisso do governo federal – e o meu próprio empenho – em prosseguir no diálogo qualificado e produtivo com a classe trabalhadora, agora também representada pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil. Estou certo de que, juntos, poderemos avançar muito na construção de um país cada vez mais justo e com oportunidades para todos.
À CTB, assim como aos seus dirigentes e associados, quero desejar boa sorte. E muito sucesso na luta pela defesa dos nossos milhões de trabalhadores e trabalhadoras.
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil.”