Palavra de ordem na Bolívia: salvar a pátria!
O psiquiatra inglês Eysenck publicou há tempos um interessante estudo intitulado “The psycology of politics”. Tem um anexo em que estuda os níveis de inteligência dos grupos mais definidos e antagônicos da política: os conservadores (direita e fa
Publicado 17/12/2007 15:18
Se Eynseck tivesse conhecido a tipologia política boliviana, não teria tido surpresas, mas sim, melhor, assinaláveis ratificações do resultado das suas investigações. A torpeza e a brutalidade com que os fascistas agem são claramente confirmatórias do seu nível mental.
A “argumentação” que esgrimem para justificar as suas ações corresponde plenamente ao nível indicado. Não só são falhos de imaginação, como medem os outros pela sua pequenez intelectual e, quando os seus argumentos “não bastam”, recorrem à mentira, atribuem intenções inexistentes aos seus adversários e inventam fatos.
A “estratégia de tensão” e o “esquematismo” — várias vezes já por nós explicado – contribuem diariamente com novos exemplos da sua aplicação. Em Santa Cruz atententaram contra a casa de Osvaldo Peredo, avançaram sobre cidadãos pacíficos.
Em Tarija, Cobija, Riberalta e outras localidades ocuparam violentamente edifícios públicos; incendiaram casas particulares e, como regra geral, agrediram física e verbalmente as pessoas que se opõem a estes atos ou que resistem a juntar-se ao banditismo.
Os seus planos sediciosos incluem uma bateria de operações para conseguirem o seu objetivo final: derrubar o governo de Morales e, perante a possibilidade de o conseguir, dividir o país, esquartejá-lo.
Cometeram a asneira de editar facsimiles do que seria a sua moeda, o “cruceño”.
As principais operações eram: fazer fracassar a Assembléia Constituinte, evitar a continuação das medidas de resgate do patrimônio nacional; evitar a redistribuição de terras e a liquidação do latifúndio e deteriorar a imagem externa e interna do governo nacional para criar um clima de caos e inclusivamente a intervenção estrangeira (como no Haiti).
Em cada uma das operações alcançaram míseros resultados. A Constituinte aprovou um projecto de Constituição a ser ratificado por referendo. As Forças Armadas rechaçaram “a sua covardia” sediciosa e separatista.
Diplomaticamente a OEA fez-lhes uma advertência. A ONU (Stevenhagen) criticou o seu racismo. Por fim, ficaram “pendurados no varal”. Todavia, tal como são torpes, também são irresponsáveis para com a Pátria. Temos de nos preparar para a defender.
A mudança progressista e justa não necessita de sangue nem de dor, mas os instintos baixos e a irracionalidade são irrefreáveis. Sabemos muito desta história na Bolívia.
* Marcos Domich é escritor, Professor da Universidade de La Paz, diretor da revista Marxismo Militante e dirigente do PC da Bolívia. Tradução de José Paulo Gascão para o site ODIário.info