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TV pública: Venezuela vê exemplo concreto de sua importância

Um interessante exemplo do papel que pode cumprir uma TV publica e suas vantagens em relação à TV privada ocorreu recentemente aqui em Caracas, por ocasião  do triunfo das seleções de voleibol masculino e feminino, classificadas pela primeira vez

Como tem havido um fortalecimento das políticas públicas para o esporte, o Estado tem considerado isto uma questão estratégica. Toda a mídia privada, responsável por 90% da informação que circula aqui na Venezuela, boicotou totalmente as campanhas das duas seleções – uma disputada na Argentina e outra no Peru. Houve a politização do boicote, da não transmissão. 



Apenas a TVES – TV Venezuelana Social – aquela que substitui a antiga RCTV, fez a cobertura total destes jogos. Todas as paridas foram transmitidos ao vivo, houve informação substancial, sempre a partir de uma consideração de que era a nação venezuelana que se colocava perante o mundo através do esporte. Surpreendida pelo triunfo, a mídia comercial tentou correr atrás do prejuízo e com registros pálidos, mas com a evidente intenção de separar o triunfo esportivo do reconhecimento generalizado que há uma elevação de investimentos e de valorização do esporte como uma prática cidadã, com grande alcance popular. A Venezuela começou a aparecer também no esporte, como também já aparece na cena mundial por ter eliminado o analfabetismo, conforme reconheceu a Unesco, sem que a mídia comercial tenha noticiado.



Lembro-me que quando o Guga foi campeão mundial pela primeira vez, os brasileiros não puderam assistir as partidas – como aqui agora, quando  os jogos foram televisionados para todo o país em sinal aberto –, pois apenas uma minoria que pode pagar pelas caras assinaturas da TV a cabo brasileira tiveram a chance de acompanhar os jogos. Aqui, se a RCTV estivesse nas mãos em que estavam, teria havido a sonegação da informação desportiva, tal como o conjunto da mídia privada fez.



Por sorte, já existem algumas emissoras do campo público, multiplicam-se as TVs Comunitárias (mais de 100 em poucos anos), que receberam financiamento do Estado para a compra de equipamentos (as emissoras privadas não podem reclamar, pois sempre foram protegidas pelo Estado com financiamentos escusos, favoritismo publicitário etc.), estando agora em projeto a criação de um jornal impresso para distribuição gratuita e massiva (a esmagadora maioria dos jornais aqui também é controlada pela  oposição, mesmo recebendo farta publicidade oficial).



Portanto, graças à TV pública, a conquista venezuelana de uma vaga nas Olimpíadas de Pequim – primeira vez na história – foi democraticamente transmitida para todo o país. Já que estamos discutindo aí o problema da privatização dos jogos pelas TVs que compram os direitos de transmissão para esconder, mesmo recebendo publicidade oriunda de recursos públicos, o exemplo recente contribui, creio, para reforçar a importância do fortalecimento e expansão da comunicação pública, hoje materializada na aprovação da MP da TV Brasil.