São Francisco, o Rio da Salvação

*Por Iran Soares

I


 


Amigo caro eleitor
Eu peço sua atenção
Pra discutir um projeto
Da mais alta estimação
A transposição de água
Do Rio da Salvação.


 


II


 


A ordem não é só água
Pra Estados do Nordeste
Mas revitalizar o Rio
Que há muito ele carece
Reflorestando as margens
Que Velho Chico merece.


 


III


 


Fazer dragagem do Rio
Replantar mata ciliar
São obras importantes
Para o grande Rio Mar
Para peixes e mariscos
Que nos vem alimentar.


 


IV


 


O ecossistema do Rio
Preservado é diferente
Surgem peixes e aves
Em um novo ambiente
Para encher a barriga
De qualquer ser vivente


 


V


 


A riqueza que vai vir
Servirá pra toda gente
Gerar emprego e renda
Pra população carente
Vivendo na cidadania
Sorrindo todo contente.


 


VI


 


As mazelas da estiagem
Estão prestes a acabar
Carros-pipas em museus
A gente quer colocar
Produzir frutas, verduras
E feijão pra cozinhar.


 


VII


 


Gado, ovelha e bode
No pasto pode crescer
Pato, porco e galinha
No terreiro pode crer
Darão ao camponês
Sua alegria de viver.


 


VIII


 


A transposição garante
Abastecimento sem igual
A 12 milhões de pessoas
Que trabalha e vive mal
Às margens de rios secos
Lutando como animal.


 


IX


 


O projeto São Francisco
Vem, assim, propiciar
Água pra todo mundo
Que mora no Ceará
Matar a sede do gado
E nossa terra irrigar.


 


X


 


Rio Grande do Norte,
Paraíba e Pernambuco
Também têm a ganhar
Ganha doutor e matuto
Da cidade e do sertão
Com essa transposição.


 


XI


 


O semi-árido nordestino
Todo vai se transformar
Homem virará menino
Nas águas a se banhar
Sertanejo terá destino
Na terra vai se fixar.


 


XII


 


O Nordeste baixa renda
Todos podem melhorar
Com criação de tilápias
Nas águas do Rio Mar
O trabalho e emprego
Permite lucro aumentar.


 


XIII


 


A Justiça da Bahia
Através de liminar
Impediu que o Ibama
Viesse logo autorizar
A licença do projeto
Para Nordeste salvar.


 


XIV


 


Esses “caras” da Bahia
Sabem que transposição
Vem tirar os nordestinos
Da mais cruel sujeição
E deixar o eleitor livre
Na hora da eleição.


 


XV


 


Urubus empaletozados
Da Bahia e de Sergipe
São corvos engavetados
Que não conhecem agonia
Eles querem dependência
Para a nossa freguesia.


 


XVI


 


A ordem é trabalhar
Concretizar essa obra
Pois de braço cruzado
Como diz a tradição
Não se pode contribuir
Pra essa transposição.


 


XVII


 


É a hora de somar
Por que tanta divisão?
Se há essa polêmica
Nessa transposição
Faça-se um projeto
Com a revitalização.


 


XVIII


 


As cidades ribeirinhas
Serão todas saneadas,
Com água e esgotos,
O canto das passaradas
Anunciará aos vizinhos
O nascer das madrugadas


 


XIX


 


Não temas irmão índio,
Amigo do sol e da lua,
Tristeza maior é morar
Na terra “seca e crua”,
Ver trabalhadores rurais
Fugindo pra´s capitais.


 


XX


 


Zelar por rios e açudes
É a nossa obrigação
Pra que eles não sejam
Mais veios de poluição,
Que tenham mais vida
As estradas do sertão.


 


XXI


 


A integração de bacias
É um estudo profundo
Começa com D. João VI
Passa por meio mundo
A problemática da seca
Já era pano de fundo.


 


XXII


 


Transposição não é tudo
Mas é um bom bocado
Vai jorrar água nos rios
Para bode e para gado
Dá força ao trabalhador
Pra cuidar do seu roçado.


 


XXIII


 


O acesso a toda água
Deve ser democratizado
Para que o povo simples
Seja o mais contemplado
Produzindo seus legumes
Vivendo despreocupado.


 


XXIV


 


Milho, feijão e mandioca
No sertão serão plantados
Vaca, cabrito e porco
Também poderão ser criados
A água matando a sede
Dos pobres e abastados.


 


XXV


 


Abaixo as ações judiciais
Que embargam o projeto,
Vamos avançar bem mais
Com Sem-terra e Sem-teto
Fazer essa transposição
Construir os madrigais.


 


XXVI


 


Quem tem sede, doutor
Apóia essa transposição
Pra que greve de fome?
Se já se vive sem pão
E mais essa maldita sede
Nessas terras do sertão.


 


XXVII


 


Rogo pra que D. Cappio
Logo atenda sua Igreja
Não desvie sua conduta
E com bastante firmeza
Engaje-se nessa luta
Construindo fortaleza.


 


XXVIII


 


Pela fé na sua cruz
Dom Cappio, escute
A dor que te consume
O recado de Jesus:
Água a quem tem sede
Pão a quem tem fome.


 


XXIX


 


Mostre o bom caráter,
A retidão consciente
Defenda a nossa gente
Sem desabonar a Igreja
Que vive nessa peleja
De todas almas salvar.


 


XXX


 


Agora faço um apelo
Aos homens de coração
Pra compartilhar idéias
De fazer a transposição
De águas do Velho Chico
O Rio da Salvação.


 


XXXI


 


Ô luta! Que batalha!
Todos temos de vencer
Pra viver mais contente
Rogo ao Deus Supremo
Parar com as obras, não
Não, “seu” presidente.


 


XXXII


 


Que o “Velho Chico”
Cumpra seu destino
Integre o Nordeste
E o povo nordestino
Esse cabra da peste
Valente desde menino


 


XXXIII


 


A caatinga cinzenta
Vai, sim, mudar a cor
O mato esturricado
Pelo sol abrasador
Nascerá mais viçoso
Nesse sertão em flor.


 



TRANSPOSIÇÃO, JÁ!