Publicado 16/01/2008 11:12 | Editado 04/03/2020 16:36
I
Amigo caro eleitor
Eu peço sua atenção
Pra discutir um projeto
Da mais alta estimação
A transposição de água
Do Rio da Salvação.
II
A ordem não é só água
Pra Estados do Nordeste
Mas revitalizar o Rio
Que há muito ele carece
Reflorestando as margens
Que Velho Chico merece.
III
Fazer dragagem do Rio
Replantar mata ciliar
São obras importantes
Para o grande Rio Mar
Para peixes e mariscos
Que nos vem alimentar.
IV
O ecossistema do Rio
Preservado é diferente
Surgem peixes e aves
Em um novo ambiente
Para encher a barriga
De qualquer ser vivente
V
A riqueza que vai vir
Servirá pra toda gente
Gerar emprego e renda
Pra população carente
Vivendo na cidadania
Sorrindo todo contente.
VI
As mazelas da estiagem
Estão prestes a acabar
Carros-pipas em museus
A gente quer colocar
Produzir frutas, verduras
E feijão pra cozinhar.
VII
Gado, ovelha e bode
No pasto pode crescer
Pato, porco e galinha
No terreiro pode crer
Darão ao camponês
Sua alegria de viver.
VIII
A transposição garante
Abastecimento sem igual
A 12 milhões de pessoas
Que trabalha e vive mal
Às margens de rios secos
Lutando como animal.
IX
O projeto São Francisco
Vem, assim, propiciar
Água pra todo mundo
Que mora no Ceará
Matar a sede do gado
E nossa terra irrigar.
X
Rio Grande do Norte,
Paraíba e Pernambuco
Também têm a ganhar
Ganha doutor e matuto
Da cidade e do sertão
Com essa transposição.
XI
O semi-árido nordestino
Todo vai se transformar
Homem virará menino
Nas águas a se banhar
Sertanejo terá destino
Na terra vai se fixar.
XII
O Nordeste baixa renda
Todos podem melhorar
Com criação de tilápias
Nas águas do Rio Mar
O trabalho e emprego
Permite lucro aumentar.
XIII
A Justiça da Bahia
Através de liminar
Impediu que o Ibama
Viesse logo autorizar
A licença do projeto
Para Nordeste salvar.
XIV
Esses “caras” da Bahia
Sabem que transposição
Vem tirar os nordestinos
Da mais cruel sujeição
E deixar o eleitor livre
Na hora da eleição.
XV
Urubus empaletozados
Da Bahia e de Sergipe
São corvos engavetados
Que não conhecem agonia
Eles querem dependência
Para a nossa freguesia.
XVI
A ordem é trabalhar
Concretizar essa obra
Pois de braço cruzado
Como diz a tradição
Não se pode contribuir
Pra essa transposição.
XVII
É a hora de somar
Por que tanta divisão?
Se há essa polêmica
Nessa transposição
Faça-se um projeto
Com a revitalização.
XVIII
As cidades ribeirinhas
Serão todas saneadas,
Com água e esgotos,
O canto das passaradas
Anunciará aos vizinhos
O nascer das madrugadas
XIX
Não temas irmão índio,
Amigo do sol e da lua,
Tristeza maior é morar
Na terra “seca e crua”,
Ver trabalhadores rurais
Fugindo pra´s capitais.
XX
Zelar por rios e açudes
É a nossa obrigação
Pra que eles não sejam
Mais veios de poluição,
Que tenham mais vida
As estradas do sertão.
XXI
A integração de bacias
É um estudo profundo
Começa com D. João VI
Passa por meio mundo
A problemática da seca
Já era pano de fundo.
XXII
Transposição não é tudo
Mas é um bom bocado
Vai jorrar água nos rios
Para bode e para gado
Dá força ao trabalhador
Pra cuidar do seu roçado.
XXIII
O acesso a toda água
Deve ser democratizado
Para que o povo simples
Seja o mais contemplado
Produzindo seus legumes
Vivendo despreocupado.
XXIV
Milho, feijão e mandioca
No sertão serão plantados
Vaca, cabrito e porco
Também poderão ser criados
A água matando a sede
Dos pobres e abastados.
XXV
Abaixo as ações judiciais
Que embargam o projeto,
Vamos avançar bem mais
Com Sem-terra e Sem-teto
Fazer essa transposição
Construir os madrigais.
XXVI
Quem tem sede, doutor
Apóia essa transposição
Pra que greve de fome?
Se já se vive sem pão
E mais essa maldita sede
Nessas terras do sertão.
XXVII
Rogo pra que D. Cappio
Logo atenda sua Igreja
Não desvie sua conduta
E com bastante firmeza
Engaje-se nessa luta
Construindo fortaleza.
XXVIII
Pela fé na sua cruz
Dom Cappio, escute
A dor que te consume
O recado de Jesus:
Água a quem tem sede
Pão a quem tem fome.
XXIX
Mostre o bom caráter,
A retidão consciente
Defenda a nossa gente
Sem desabonar a Igreja
Que vive nessa peleja
De todas almas salvar.
XXX
Agora faço um apelo
Aos homens de coração
Pra compartilhar idéias
De fazer a transposição
De águas do Velho Chico
O Rio da Salvação.
XXXI
Ô luta! Que batalha!
Todos temos de vencer
Pra viver mais contente
Rogo ao Deus Supremo
Parar com as obras, não
Não, “seu” presidente.
XXXII
Que o “Velho Chico”
Cumpra seu destino
Integre o Nordeste
E o povo nordestino
Esse cabra da peste
Valente desde menino
XXXIII
A caatinga cinzenta
Vai, sim, mudar a cor
O mato esturricado
Pelo sol abrasador
Nascerá mais viçoso
Nesse sertão em flor.
TRANSPOSIÇÃO, JÁ!