Agravam-se os problemas do metrô de SP na Gestão Serra
O crescimento do número de passageiros, provocado pelo bilhete único, é só um dos aspectos por trás das recorrentes falhas técnicas registradas pelo metrô – foram seis nos últimos 36 dias. Para especialistas, o volume insuficiente de recursos destinados à
Publicado 19/01/2008 16:33
Na quinta-feira (17), pela quarta vez este ano, o metrô teve uma pane. Em duas horas, pelo menos 125 mil pessoas ficaram sem condução. Às 6h47, um trem da Linha Azul que seguia para o Jabaquara parou no túnel, entre as Estações Paraíso e Ana Rosa. O calor e o aperto nos vagões parados fizeram passageiros passar mal. Muitos deles tiveram de sair pelo corredor de serviço ao lado da via.
Os técnicos disseram que nos últimos dez anos, os gastos da Companhia do Metropolitano com manutenção foram desproporcionais à explosão da demanda e ao aumento natural de preços dos insumos – análise que a direção do Metrô contesta. Mas, disseram os especialistas, as panes passaram despercebidas porque a demanda era cerca de 10% inferior à atual – de 844,5 milhões de passageiros, conforme dados de 2007.
O panorama mudou após maio de 2006, com a integração do bilhete único dos ônibus à rede sobre trilhos. Em um ano, só a Linha 3, a mais movimentada das quatro linhas de metrô da cidade, recebeu, em média, 70 mil novos passageiros por dia. O reflexo mais imediato foi a superlotação das plataformas de embarque e dos trens. Nos horários de pico, os vagões da Linha 3 passaram a receber até 8,6 passageiros por metro quadrado, ante um limite considerado “suportável” de 6 pessoas por metro quadrado. Por medida de segurança, a companhia foi obrigada a reduzir em 10% a velocidade média das composições, elevando em até 4 minutos o tempo de viagem em algumas linhas.
Num sistema de transporte de alta capacidade e vital para os deslocamentos numa metrópole como São Paulo, a pressão da demanda também tem impacto direto sobre a manutenção, afirmam os técnicos. “Os períodos de 'vale' (horários com menor fluxo de passageiros) estão ficando cada vez mais raros no metrô”, afirmou o engenheiro Telmo Giolito Porto, professor do Departamento de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). “Se você não tem como dar um sossego para os trens, fica quase impossível cumprir o planejamento de manutenção preventiva.” A partir daí, a conclusão é lógica: “Em vez de trabalhar para evitar as quebras, a companhia só consegue agir de forma corretiva, o que é muito ruim.”
Para o presidente do Sindicato dos Metroviários, Wagner Gomes, o quadro atual seria menos preocupante se o investimento em manutenção não tivesse sido negligenciado ao longo dos anos. “Foi uma opção tomada exclusivamente pelos governantes, que decidiram focar na expansão da rede”, afirmou.
Há anos, o Sindicato dos Metroviário de São Paulo denuncia a gravidade dos problemas que poderiam ser gerados pela falta de manutenção preventiva, bem como reivindica a compra e modernização dos trens.
“Infelizmente, foi preciso ocorrer diversos problemas e transtornos à população para que a Cia. reconhecesse a urgência de se tomar tais medidas”, diz o sindicato.
Para Wagner Gomes,”se o quadro de funcionários estivesse completo e os equipamentos fossem trocados dentro do prazo de validade, os problemas nas linhas diminuiriam 90%”.
Da redação,
com agências