Comandantes e chefes da PM entregam cargos

Comandantes, diretores e chefes de seção da Polícia Militar começaram a colocar seus cargos à disposição do governador Sérgio Cabral, no dia 30. Até agora 47 tenentes e coronéis já entregaram os postos, número que deve aumentar nas próximas horas.

Essa é a maior crise na área de Segurança Pública desde a posse do governador Sérgio Cabral, que começou com a exoneração do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Ubiratan de Oliveira Angelo.



Para Newton Oliveira, professor da Universidade Cândido Mendes e especialista em segurança pública, Sérgio Cabral está equivocado em fazer a mudança, pois o coronel Ubiratan representava o diálogo dentro da corporação.



A substituição do comandante-geral foi anunciada após os protestos de um grupo de policiais denominados Barbonos contra os baixos salários da corporação. No dia 27 de janeiro, mais de 500 policiais se reuniram em uma passeata em Ipanema, praia da zona sul. Eles querem equiparação salarial com a Polícia Civil.



A saída do coronel Ubiratan ocorreu a partir de sua decisão de manter o coronel Paulo Ricardo Paúl, um dos líderes da passeata por aumento de salários. Em vez de ser exonerado, Paúl foi transferido da Corregedoria Interna para a Diretoria Geral de Ensino e Instrução.



Para Newton Oliveira, o movimento é legítimo e está dentro dos limites democráticos. Segundo ele, “só faz isso [exonerar o coronel Ubiratan] quem não conhece a PM”. Newton acredita que a entrega dos cargos vai desestruturar a PM, que perderá o elo com o comando da corporação. Newton defende a abertura do diálogo para que a crise não seja aprofundada.



Exoneração de Beltrame



Para ficarem nos cargos, os comandantes de batalhão e diretores fizeram nove exigências, entre elas a manutenção de Ubiratan Angelo no comando-geral e a saída do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. O governador já afirmou que apóia Beltrame e que a secretaria tem plena autonomia.



Novo comandante



O novo comandante-geral da Polícia Militar é o coronel Gilson Pitta, que já esteve nos serviços reservados da PM (P-2). Ele participou da investigação da chacina de Vigário Geral, quando 21 pessoas foram mortas em 1993 por PMs.



Sobre o novo comandante, Newton diz que ele já começa desacreditado, pois foi um dos comandantes que apoiava o movimento e era contra a saída de Ubiratan.