Chico Lopes alerta sobre desafios da implantação do programa Biodiesel
“Um programa da magnitude do Biodiesel precisa envolver várias esferas do Governo bem como os produtores, para que consiga ser o agente de transformações econômicas, ambientais e sociais a que se pretende”. Em pronunciamento na Câmara dos Deputados, Chico
Publicado 21/02/2008 17:03 | Editado 04/03/2020 16:36
Segundo o parlamentar, apesar dos incentivos dado pelo Governo muitos agricultores não estão dispostos a investir nas oleaginosas. “No Estado do Ceará temos quatro usinas, das quais destaco as seguintes: A Usina Brasil Ecodiesel no município de Crateús em funcionamento desde maio de 2006, com capacidade para produzir até 118 milhões de litros; temos a Usina Petrobrás ainda em construção com a previsão de 57 milhões de litros anualmente, localizado em Quixadá sertão central”.
Em sua colocação, Lopes citou reportagem do jornal Diário do Nordeste do último domingo (17 de fevereiro de 2008) que publicou entrevistas com agricultores que resolveram plantar mamona. “Chamou-me atenção a entrevista do Senhor José Miguel de Souza, do Distrito de Horizonte em Crateús, que depois de três meses de trabalho conseguiu produzir apenas 57 quilos de mamonas e vender por apenas R$31,35 (trinta e um reais e trinta e cinco centavos). No mesmo município de Cratéus, o Senhor Manoel Ferreira dos Santos, no Distrito Realejo, usando irrigação em 8 hectares conseguiu produzir 12,2 toneladas, uma das mais altas produtividade da região, contudo não demonstra interesse em continuar nesta atividade, pela dificuldade de escoamento e pelo baixo preço de mercado”.
Com base nos distintos casos, o parlamentar conclui: “Podemos afirmar que os dois agricultores precisam de uma assistência dos órgãos envolvidos no programa do Biodiesel para o Nordeste e particularmente para o Ceará, seja pelo problema da baixa produção ou por problemas no escoamento da mamona”, diz.
Lopes informou que o Governo Estadual vai investir Doze milhões de reais na produção da mamona. O recurso será utilizado na compra de equipamentos que serão disponibilizados gratuitamente aos agricultores, na adubação química do solo, na capacitação técnica para o manejo das sementes e do solo, na garantia de preço mínimo da produção de R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais) pagos para cada hectare destinado para plantação de mamona. “Estes são os principais incentivos que serão concedidos pelo poder público e pela Petrobrás no âmbito do projeto Biodiesel no Ceará”.
Mesmo com o investimento por parte dos governos estadual e federal, o parlamentar ainda busca meios para discutir esses problemas na Região e em particular no Ceará. “Conversamos com o deputado estadual Lula Morais (PCdoB), propondo a realização de uma Audiência Pública na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará, e nesta discussão, envolver a bancada do Nordeste na Câmara Federal”.
Ainda citando a reportagem do jornal Diário do Nordeste, Lopes ressalta a colocação do inventor do Biodiesel, o engenheiro Expedito Parente, ao afirmar que “o Biodiesel é coletivo, serve para gerar energia elétrica e é imprescindível na cadeia do petróleo. Ele pode ser mais democrático. A melhor herança que ele deixou é a comprovação de que podemos chegar a volumes expressivos de produção e que com o aperfeiçoamento dos processos produtivos e o ganho de escala, o custo pode cair muito”, finaliza.
De Fortaleza,
Carolina Campos