Dilma: programas sociais e não apenas economia sustentam popularidade
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, disse há pouco, em entrevista, que a pesquisa Confederação Nacional da Indústria (CNI)/Ibope conferindo recorde de popularidade ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ser encarada com modéstia pelo gove
Publicado 27/03/2008 21:39
scalada pelo presidente Lula para conversar com a imprensa, logo após a inauguração de uma loja de eletrodomésticos e de um banco popular em Água Fria, bairro da periferia do Recife, considerou que o bom resultado da pesquisa para o governo não é um reflexo apenas do bom momento da economia interna, mas deve-se sobretudo à política de transferência de renda do governo, citando o Bolsa-Família, o Luz para Todos e o Pronaf.
Melhorias em todas as áreas
O diretor de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marco Antonio Guarita, destacou, em entrevista sobre a pesquisa CNI/Ibope, que o levantamento registrou melhora na avaliação em relação às oito áreas de atuação do governo Lula abordadas pelos entrevistadores.
1) A aprovação ao governo no combate à fome e à pobreza subiu de 57%, registrados em dezembro passado, para 62%, enquanto que o total dos que desaprovam a atuação do governo nessas áreas caiu de 41% para 35%;
2) os programas sociais nas áreas de saúde e educação teve aprovação de 60%, ante 53% na de dezembro, e a desaprovação reduziu-se de 45% para 37%;
3) a atuação governamental na área de segurança pública, que em dezembro tinha a aprovação de 32%, agora é vista positivamente por 40%, ao mesmo tempo em que a parcela da população que desaprova essa política caiu de 66%, em dezembro, para 56%;
4) no combate à inflação, a administração federal conta agora com a aprovação de 51%, segundo a sondagem, ante 44% que a aprovavam em dezembro, e o índice dos que a rejeitam caiu de 49% para 43%;
5) a avaliação da política em relação às taxas de juros, embora continue negativa – 53% a desaprovam, e 39% a aprovam -, evoluiu favoravelmente ao governo: em dezembro, o índice de brasileiros que a aprovavam era de 32%, e o de pessoas que a desaprovavam era de 59%;
6) no combate ao desemprego, o governo conta com seu melhor índice de aprovação, que subiu 14 pontos porcentuais: era de 47% em dezembro e aumentou para 55%, enquanto a parcela dos que o desaprovam caiu de 51% para 41%;
7) em relação aos impostos, a população, de acordo com a sondagem, continua insatisfeita: 60% desaprovam a política do governo, mas em dezembro eram 69%, e o total dos entrevistados que disseram aprová-la aumentou de 26% para 35%;
8) por último, aumentou também a aprovação à política do governo para o meio ambiente: de 50% para 60%, enquanto os que a desaprovam, que eram 44% em dezembro, são agora 34%.
Oposição engole seco
A oposição engoliu seco o resultado da pesquisa Ibope. Para muitos ooposicionistas, o aumento da popularidade já era esperado pois recente levantamento do instituto Sensus já havia detectado este crescimento. Ainda assim, lideranças do DEM e do PSDB, para não passar recibo, trataram de tentar minimizar o resultado.
O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), um opositor ácido do governo, disse que Lula se aproveita da melhoria na economia, que reflete diretamente no sucesso do Executivo, e usa sua força para imobilizar os poderes Legislativo e Judiciário. ''O Congresso está subordinado, de cócoras. E o presidente não leva em conta o Judiciário, que está acuado'', afirmou, ao pedir ao PSDB e DEM que acionem Lula na Justiça. ''Lula está usando o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) como palanque eleitoral e levando tudo na gozação e ironia. E não pode usar o dinheiro público para chegar aos Estados e tratar a opinião pública como imbecil'', observou.
O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), entende que, além dos ventos favoráveis da economia, Lula não saiu do palanque. ''Ele está inaugurando obra que não existe e gerando muita expectativa no palanque'', analisou. Para o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), a popularidade alta de Lula ''não é julgamento definitivo, mas retrato do momento e produto de circunstâncias''.
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), afirma que outros fatores devem ser considerados, como a capacidade de comunicação de Lula, respaldada por um forte esquema de propaganda política, e a falta de ajuste e organização da própria oposição.
Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que nunca gozou de prestígio popular, ironizou o resultado da pesquisa. ''Não vi a avaliação, mas não fico surpreso com mais nada no Brasil'', disse FHC a jornalistas, sem conseguir esconder a contrariedade com os números positivos do governo.
Antes mesmo da divulgação dos números da CNI/Ibope, as cúpulas do PSDB e DEM já estavam decididas a fazer um encontro, com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para discutir rumos. Antes disso, na próxima segunda-feira, haverá uma reunião entre os principais líderes de oposição para uma avaliação. A maioria reconhece que é hora de ''menos grito e mais inteligência''.
Da redação,
com agências
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http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=34856