Trabalhadores criam a seção gaúcha da CTB

Com auditório da Fetag RS lotado e ampla representatividade, ocorreu nesta quinta-feira (27), o ato de criação da seção gaúcha da CTB. Em torno de 300 delegados, representando diversas categorias de trabalhadores e regiões do estado, participam do enco

O momento inaugural da CTB no Rio Grande do Sul correspondeu a um dos principais objetivos do movimento que originou a central: a pluralidade. Ela  esteve presente nas representações políticas que participaram do ato e foi enaltecida na maioria dos discursos, que reforçaram também o caráter classista e democrático da nova entidade.


 


 



Entre os participantes da mesa que dirigiu os trabalhos, estavam o presidente da Assembléia Legislativa do RS, deputado Alceu Moreira (PMDB); o presidente nacional da CTB, Wagner Gomes; o superintendente regional do Ministério do Trabalho, Eron Oliveira; o deputado federal Beto Albuquerque (PSB); os deputados estaduais, Raul Carrion (PCdoB), Miki Breier  e Heitor Schuch (PSB); o presidente estadual do PSB, Kaleb Oliveira; o presidente estadual do PCdoB, Adalberto Frasson; a dirigente da UBM  (União Brasileira de Mulheres), Cora Chiappetta; o presidente da Fetag RS (Federação dos trabalhadores na agricultura do RS) Elton Weber; o diretor da Fetag RS, Sérgio de Miranda; o dirigente da Força Sindical, Edson Feijó; o representante da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Paulo Roberto Bark; o presidente da Fecosul (Federação dos Comerciários do RS), Guiomar Vidor; e o dirigente nacional da CTB, João Batista Lemos.


 


 


 


Lições do último período


 


 



O ato de abertura foi precedido pela palestra do jornalista e editor da revista Debate Sindical, Altamiro Borges. Ele fez análise do cenário político brasileiro, com ênfase para os principais desafios que estão colocados para os trabalhadores. Disse que uma das lições do último período é que, mesmo sob um governo mais identificado com os trabalhadores (Lula), é necessário muita mobilização ''para enfrentar o poder do capital''. Além disso, destacou o problema da preservação da autonomia da classe e a exigência de estratégias bem posicionadas e ''determinadas com inteligência'' pelos trabalhadores.


 


 


 


Momento para novas conquistas


 


 


Um dos aspectos mais destacados foi o que se refere ao momento político que vive o Brasil, considerado favorável para o avanço das lutas sociais e dos trabalhadores. ''A CTB surge num contexto histórico promissor para o povo brasileiro, em momento de transição política e mudanças de rumos na América Latina e no Brasil. Proclama o compromisso de trabalhar para a elevação do nível de participação e protagonismo político do sindicalismo e da classe trabalhadora na vida nacional. Visa abrir caminho para um novo projeto de desenvolvimento, soberano e com valorização do trabalho. Aponta para uma transformação mais profunda – a superação do capitalismo e a construção do socialismo do século XXI''. Esta afirmação fez parte do manifesto lido no começo do ato.


 



O coordenador da mesa, Guiomar Vidor, elencou algumas das principais lutas que a CTB deve enfrentar neste momento. Citou o movimento nacional pela redução da jornada sem redução dos salários, a luta pela ratificação no Congresso das convenções 151 e 158 da OIT, e pelo fim do banco de horas. Também destacou a necessidade da valorização e o fortalecimento das organizações sindicais e a defesa da unicidade sindical.


 



“A CTB é a maior novidade do sindicalismo no último período e poderá dar importantes contribuições para a construção da autonomia do movimento sindical, a luta antiglobalização neoliberal e para mobilizar, conscientizar e organizar os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil”, garante Vidor.


 


 


Amplitude


 


 


Eron Oliveira, que responde pela superintendencia regional do Ministério do Trabalho, cumprimentou às lideranças sindicais pela criação da central e afirmou que o órgão está a disposição da entidade para travar discussões e receber sugestões de encaminhamentos referentes às necessidades dos trabalhadores no estado.


 



Os representantes da UGT  e da Força Sindical, Paulo Barck e Edson Feijó, ao saudar a criação da CTB, reforçaram a necessidade da união das centrais em defesa dos direitos dos trabalhadores. Barck citou como exemplo a ser seguido, a recente mobilização pelo piso regional e pelas 40 horas, realizada conjuntamente pelas centrais no estado. Uma das principais bandeiras defendidas pela CTB, já no seu manifesto de criação, é a realização de uma Conclat. Conferência nacional da classe trabalhadora, reunindo as seis centrais sindicais (CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Nova Central e CGTB) para definir uma plataforma unitária de lutas.


 


 



Unidade dos trabalhadores do campo e da cidade


 


 


Com a responsabilidade de quem está a frente de uma organização que representa mais de 300 sindicatos rurais no Rio Grande do Sul, com base que supera 1 milhão de trabalhadores, o presidente da Fetag RS, Elton Weber, exaltou a a importância da sintonia entre as demandas e lutas dos trabalhadores do meio urbano e rural. ''Estamos irmanados, campo e cidade, para fazer uma grande luta'', afirmou. ''A Fetag nunca havia sido filiada à central sindical. Fez isso no dis 29 de fevereiro'', disse, em alusão a decisão histórica.


 


 


Weber informou que a CTB já tem presença garantida na próxima grande mobilização dos dos trabalhadores rurais: ''Grito da Terra'', que acontece entre os dias 12 e 16 de maio em Brasília. Em seguida acontece a edição estadual. Terá como eixos principais para reivindicações as áreas de habitação rural, Previdência Social, política agrícola e mudanças na legislação ambiental.


 



Reconhecimento


 



O presidente da Assembléia Legislativa do RS, deputado Alceu Moreira, reconheceu, em nome do parlamento do estado, a importância da criação da CTB no Rio Grande do Sul. Aproveitou a oportunidade para convidar a central para participar dos debates promovidos pelo programa ''Sociedade Convergente''. Entre os temas que o legislativo gaúcho está tratando, dentro do programa, está o piso regional.


 


Presença feminina


 



Uma das características dentre a diversidade de categorias profissionais presentes na plenária, era a significativa presença feminina. Até o fechamento da matéria, a organização do encontro não havia contabilizado os números de delegados, mas a estimativa é de que a quantidade de mulheres trabalhadoras supere os 30%.


 



A representante da UBM, Cora Chiappetta, afirmou que a CTB pode dar grande contribuição promovendo e valorizando a luta das mulheres.


 



Papel da CTB


 



O presidente nacional da central, Wagner Gomes, que é metroviário em São Paulo e foi vice-presidente nacional da CUT, destacou que a CTB já nasceu grande, e com grandes responsabilidades. Reforçou os princípios norteadores da central, como a pluralidade e a democracia ''que respeite todas as correntes de opinião. E que estas correntes possam participar efetivamente da central''.


 


''A CTB também é uma central que tem que estar na luta. Tem que ir pra rua'', enfatizou. ''É com a pressão que os trabalhadores podem garantir os seus direitos e os avanços necessários para o país ir adiante. Estamos experimentando um período de crescimento no Brasil. Mas tem que ter distribuição de renda. O país já teve crescimento em outros momentos, que não se reverteu em melhoria para os trabalhadores''.


 



Na conclusão, reafirmou a proposta da construção de uma unidade das centrais no país, com bandeiras de luta unificadas. Sugeriu que se busque neste 1º de maio esta construção conjunta, tendo como eixo principal  a luta pelas 40 horas.


 



O vice- presidente nacional da CTB, Vicente Selistre, coordenou a votação que originou a criação da seção rio-grandense da CTB. A manifestação do plenário foi entusiasmada. Criou-se a CTB no RS por grande aclamação. Selistre pontuou ainda que este momento inaugura nova fase, que exige muito trabalho dos dirigentes  para garantir a consolidação da central. Uma das prioridades é o esforço para ampliar  a adesão de sindicatos à entidade. A CTB RS pretende chegar a cem sindicatos filiados, até o final deste semestre.


 



Plano de lutas e direção


 



Na programação desta sexta-feira, os debates terão como objetivo principal a definição das linhas estratégicas da central no estado e a eleição da direção.


 


 


Veja a programação do dia:


 


 


 


9h – Painel sobre Conjuntura Estadual com Fernando Niedsberg;


 



Painel sobre Redução da Jornada de Trabalho com o Senador Paulo Paim;
Painel sobre Reforma Agrária e Agricultura Familiar com o Dep. Estadual Heitor Schuch;
Painel sobre a Mulher Trabalhadora – Abgail Pereira e FETAGRS.



13h30 – Projetos de Resolução:



Plano de Lutas;
Plano de estruturação e organização da CTB/RS;


 


15h – Eleição e posse da direção;


 



16h – Encerramento.


 


 


 


Clomar Porto