Passe livre a luta dos estudantes
Novamente o movimento estudantil do Amazonas voltou a ocupar a praça do Congresso. Dessa vez para chamar a atenção e cobrar do Poder Público estadual e municipal para apresentar um Projeto em que os estudan
Publicado 28/03/2008 14:08 | Editado 04/03/2020 16:13
O ato público faz parte da jornada de luta em defesa da educação, promovido pelas entidades estudantis em todos os estados brasileiros que acontecem até o dia 29 de março. Em Manaus, segundo Anderson Bahia, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes, optou-se em defender o passe livre e espera que Manaus se torne a quarta cidade a aprovar a nova lei até o final do ano.
Cantando a frase “O dinheiro do meu pai não é capim, eu quero passe livre sim”, os mais de 20 mil estudantes saíram da praça e percorreram as avenidas Epaminondas e Eduardo Ribeiro. Vários ônibus foram enviados as escolas de nível médio para levar os alunos até o ato público. Houve também participação da Ufam, UEA, Cefet, Ciesa, Uninorte e Martha Falcão.
A manifestação teve a organização da União dos Estudantes (Une), da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes), da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), juntamente com a da União Estadual dos Estudantes (UEE), a União Brasileira das Mulheres (UBM), União de Negros pela Igualdade (Unegro), Movimento Indígena, Movimento e da União da Juventude Socialista (UJS). Contou ainda com o apoio de partidos simpatizantes como o PSB, PMDB e PSOL, além dos Sindicatos dos Rodoviários, dos Urbanitários e dos Jornalistas.
Desde 1989, quando os estudantes conquistaram a meia-passagem, na época liderados pela atual Deputada Federal Vanessa Grazziotin, o movimento estudantil vem lutando para expandir e manter esse direito que para a vereadora Lúcia Antony (PCdoB – Amazonas) “é uma causa histórica do movimento estudantil e popular na cidade de Manaus”. Em relação ao projeto proposto pelo vereador Massami Miki que oferecia apenas 40 passes livres e reduzia a quantidade de meias passagens de 120 para 60, a vereadora diz que “sem dúvida nenhuma foi a força dos estudantes e a mobilização dos estudantes na Câmara Municipal garantiram a retirada desse projeto”. Lúcia Antony foi uma das parlamentares que se pronunciou contra o projeto na Câmara e exigiu que fosse feito um projeto substitutivo.
A presidente da União Estadual dos Estudantes, Maria das Neves, declarou que após a manifestação a prefeitura e o Governo serão procurados para que o projeto seja encaminhado. “O movimento estudantil esteve presente diariamente nas salas de aula falando sobre o passe livre e prova que não está dormindo. Hoje estamos fazendo um movimento social com todos a favor do passe livre para que todos os estudantes tenham acesso à educação”, declarou.
Para o estudante Gabriel Nascimento, o projeto é uma forma de ampliar os direitos da classe estudantil. “Queremos ser a próxima cidade a ter o passe livre. Coisa que já acontece nos estados do Rio de Janeiro e Paraná”, disse. Já para a estudante Ketlen Souza, o estudante não precisa somente de meia passagem para ir à escola ou à universidade, precisa também ir a cursos e principalmente se divertir. “É importante que a sociedade cresça para conseguirmos melhorias para a cidade”, declarou. Alice Ferreira acredita que o processo do projeto do passe livre demore a começar a funcionar, mas o que importa, segundo ela, é tentar e o movimento estudantil já está fazendo isso.
O ato público terminou com entrega do projeto elaborado pelo movimento estudantil aos vereadores do Partido Comunista do Brasil, Marcelo Ramos e Lúcia Anthony. O vereador encerrou dizendo que “não existe nada mais caro do que um estudante deixar de ir a escola porque não tem dinheiro para pagar o ônibus. Quando ele abandona a escola, ele abandona seus sonhos a suas esperanças e muitas vezes os sonhos que as suas famílias depositam em si. Isso sim é a coisa mais cara do mundo”.
Segundo o vereador, o debate do passe livre volta para o rumo certo e acredita que o movimento estudantil vai seguir esse rumo correto de ampliar os direitos e não de restringir. Mas também declara que a Prefeitura e a Câmara dos Vereadores precisam estar empenhadas para mudar as leis e discutir quais são os mecanismos de financiamento para conquista da gratuidade. “Isso retorna ao poder público para abrir um debate franco de quais vão ser as fontes de financiamento para conseguir o benefício ao estudante”, concluiu.
Na ocasião, Yann Evanovick, presidente da UMES lembrou dos 40 anos da morte do estudante Edson Luís Lima Souto na época da ditadura. Edson foi morto durante um confronto com a polícia militar enquanto participava de uma manifestação contra o fechamento da restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, onde funcionava o Instituto Cooperativo de Ensino. “Conquista é fruto de muita luta. Edson Luís é prova de luta”, declarou.
De Manaus
Vanessa Sena