Álvaro Dias admite que recebeu o ''dossiê'' mas não diz de quem
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) admitiu hoje (2) que recebeu antecipadamente o suposto dossiê dos cartões corporativos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso antes dele ser publicado na revista Veja, conforme revelou o jornalista Ricardo Nobl
Publicado 02/04/2008 21:16
O jornalista fez a revelação em seu blog no Globo Online, na tarde desta quarta-feira: ''Quem divulgou a parte conhecida do dossiê foi o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Ele se recusa a dizer de quem a recebeu'', afirma o Blog do Noblat.
Perguntas sem resposta
Álvaro Dias manteve a recusa no plenário. Apesar da insistência de seus pares, tampouco confirmou ou desmentiu a versão de Noblat, de que foi ele a fonte da Veja. ''Se eu tivesse feito isso [divulgado o dossiê] não configuraria crime. Seria pior se eu recebesse uma denúncia e não a divulgasse'', desconversou.
''Mas foi ou não foi o senhor o responsável?'', indagou Tião Viana (PT-AC). ''Não é isso que se discute. A discussão deve ser sobre quem é o responsável pelo dossiê e qual será a punição para ele. Discutir esse tipo de coisa é fazer o jogo do governo'', foi a resposta.
''Quem vazou está no Palácio do Planalto. Não me cabe revelar quem foi o responsável pela divulgação. O que me cabe é cobrar do governo providências em relação a mais este escândalo'', disse Álvaro Dias. Em outro momento, afirmou ser ''irrelevante'' descobrir as ''fontes primárias ou secundárias'' do vazamento.
Mão Santa baixa o nível
O líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), lembrou a Dias que o vazamento do dossiê também é crime. ''São dois fatos. A elaboração do dossiê e o vazamento. Se alguém fez o dossiê é crime, se alguém o vazou é crime'' disse Casagrande.
A líder do governo no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC) também pressionou inutilmente o tucano. Este respondeu que não conferia a Ideli o direito de questioná-lo, ressaltando que detém o direito de exercitar em plenitude o mandato parlamentar.
O debate no plenário do Senado descambou a partir daí. O senador Mão Santa (PI), um peemedebista anti-Lula, chegou a subir na tribuna para chamar Dilma Rousseff de ''a galinha cacarejadora desse governo''. Interpelado pela base governista, e aconselhado até por seus colegas da oposição a pedir desculpas, Mão Santa se recusou a fazê-lo e até generalizou a provocação: ''Todos, eu disse todos, todos estão embalados nesse cacarejamento
O que diz o Blog do Noblat
Noblat, insuspeito de simpatias pelo Planalto, afirma que o documento foi ''montado dentro da Casa Civil'', mas suas 13 páginas se referem apenas às despesas de 1998 a 2000 faltando a que cobre 2001 e 2002. ''A parte conhecida do dossiê reúne gastos que em nada comprometem o ex-presidente Fernando Henrique e sua mulher dona Ruth Cardoso'', asseverou.
E prossegue o blog: ''Gastos que poderiam constranger o casal, principalmente se revelados fora de contexto, constam da parte ainda desconhecida do dossiê e se referem aos anos 2001 e 2002. Quando o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, disse a um senador da oposição que até a compra de um pênis de borracha fazia parte da relação de gastos sigilosos do segundo mandato de FHC, referiu-se a um ítem que consta da parte ainda inédita do dossiê.''
''É razoável deduzir, pois, que a parte do dossiê conhecida com despesas, chamemos assim, 'inocentes', circulou para prevenir a oposição sobre o que poderia estar por vir caso ela teimasse em investigar a fundo as despesas sigilosas do governo Lula. Ao vazar o que recebeu, o objetivo de Dias era, primeiro, desgastar o governo e, segundo, abortar uma eventual divulgação do resto do dossiê. Dias teve êxito'', sustenta o jornalista.
Da redação, com agências
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