MST ocupa Southall e exige desapropriação

Cerca de 800 integrantes do Movimento Sem Terra (MST) ocuparam na manhã desta segunda-feira (14) a Fazenda Southall, em São Gabriel, na Fronteira Oeste gaúcha. Eles exigem o assentamento das famílias na área.

A coordenadora do MST, Jane Fontoura, diz que as famílias estão cansadas de esperar o assentamento na fazenda que está envolvida em diversas irregularidades. O proprietário da Southall acumula dívidas de R$ 50 milhões com órgãos do governo, entre eles o Banco do Brasil e o INSS. A dívida já equivale ao valor da área.


 


Além disso, em novas vistorias o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) detectou infrações ambientais. ”É um latifúndio imoral e deve ser desapropriado para fins de reforma agrária. É um latifúndio totalmente improdutivo, com crime ambiental, e a Aracruz está tentando também comprar a área. E nós queremos que essa terra seja para seja para a reforma agrária”, diz.


 


O presidente Lula assinou a desapropriação da fazenda em 2003, mas o Supremo Tribunal Federal suspendeu o processo. Em 2006, o Incra foi autorizado a vistoriar a área, que foi considerada produtiva, mas encontrou diversos crimes ambientais e definiu que a fazenda não cumpria com a função social, podendo ser assim desapropriada. O proprietário da fazenda, Alfredo Southall, recorreu da decisão em Brasília e, até o momento, não obteve resposta.


 


O vice-prefeito de São Gabriel, Luiz Ricardo Bragança, lamenta mais uma ocupação do MST. Ele relata que a fazenda é produtiva e que as ocupações atingem negativamente o agronegócio, que é bem desenvolvido na região. Bragança ainda põe em dúvida os crimes ambientais detectados pelo Incra.


 


“Ele [Southall] usa essa área invadida para a produção de pecuária. Pelo o que eu saiba, já que não conseguiram desapropriar pelo mote da produtividade estão querendo usar a questão ambiental. É tudo muito relativo. Porque o produtor, ao tentar cumprir os índices que o Incra preconiza, pode estar não digo degradando o meio ambiente, mas forçando a situação para cumprir os índices”, argumenta.


 


O MST defende que a desapropriação da Fazenda Southall integre o acordo realizado em Novembro passado com o Incra para que os sem terra encerrassem a marcha à fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul. O órgão se comprometeu em assentar mil famílias até Abril e outras mil até Dezembro no Estado. Na fazenda Southall, poderiam ser assentadas cerca de 600 famílias das 2,5 mil que vivem hoje em beira de estrada.


 


Contatada pela reportagem, o Incra informou, por meio de sua assessoria, que tem uma boa relação de oferta de áreas a serem desapropriadas no Estado. Algumas já estão em negociação. Afirmou também que não conseguirá assentar as famílias até o dia 30 de Abril, mas pretende divulgar os nomes das áreas dentro do prazo, quando já estiverem quase todas em processo de compra.


 


A ocupação da Fazenda Southall também inicia no Rio Grande do Sul a jornada nacional de lutas do MST em Abril, mês em que é lembrado o Massacre de Eldorado dos Carajás. No dia 17, completam-se doze anos do assassinato de 19 sem terras durante despejo realizado pela Polícia Militar na cidade de Eldorado dos Carajás, no Pará.


 


Outras ações já ocorrem em São Paulo, Pernambuco e Bahia.


 


 


Chasque