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Brasileiro leva 'Oscar do teatro' e faz história na Broadway

O brasileiro Paulo Szot, um dos barítonos mais respeitados do mundo, venceu na noite deste domingo (15) o prêmio Tony de melhor ator em um musical por seu trabalho em Rodgers and Hammerstein's South Pacific. Foi a primeira vez que um bras

''Ouvir da boca de Liza Minnelli que o Tony Award como melhor ator estava me chamando é impressionante. É meu primeiro trabalho na Broadway, minha primeira vez nos palcos de teatro americano além da ópera, e eu realmente não esperava essa resposta tão imediata tanto do público quanto da crítica'', disse Szot ao Globo News.


 


''Me sinto muito orgulhoso de trazer o nome do Brasil para os palcos americanos, para a história da Broadway e para a história do Tony Awards. É um papel maravilhoso, que foi escrito por um cantor de ópera e, em momento algum, tive dúvida de que esse seria um bom rumo para a minha carreira'', agregou o ator.


 


O êxito de Szot não foi o único de South Pacific, o grande vencedor desta edição do Tony, com sete dos 11 prêmios a que foi indicado. Além de ator, o espetáculo levou os prêmios de melhor diretor de musical (Bartlett Sher), melhor cenário, melhor figurino, melhor iluminação e melhor som.


 


Sher disse que os espectadores se identificaram com a peça devido à tensão racial nos tempos de guerra – questão presente na corrida presidencial norte-americana, já que o senador Barack Obama obteve a nomeação democrata. ''A recepção foi completamente impressionante'', disse Sher a repórteres, acrescentando que a peça ''conseguiu atingir esse racha estranho que cerca a eleição''.


 


O musical relata de forma descontraída o racismo enfrentado por soldados durante a Segunda Guerra Mundial. A peça, que estreou na Broadway em 1949, voltou aos palcos com oito concorridas apresentações por semana.


 


Já o prêmio de melhor atriz em musical foi para a veterana Patti LuPone, por Gipsy – é a segunda vez que ela ganha o prêmio. Há 29 anos, ela levou o Tony por Evita. ''Calem a boca, são 29 anos'', gritou ela quando a orquestra começou a tocar durante seu discurso. ''É um imenso dom ser um ator que ganha a vida nos palcos da Broadway e, a cada 30 anos, receber um destes'', ironizou.


 


Os prêmios Tony são entregues desde 1947. O nome da premiação é uma homenagem à atriz e diretora Antoinette Perry, cujo apelido era Toni. Fundadora da Organização de Teatro Americano, ela morreu em 1946. Os vencedores são escolhidos por 750 pessoas da indústria do teatro, entre atores, diretores e jornalistas.


 


Quem é Paulo Szot


 


Szot, que venceu o prêmio Tony por South Pacific, viria ao Brasil para se apresentar na ópera Sansão e Dalila, prevista para estrear no Teatro Municipal de São Paulo em novembro. ''Ele não achou que ficaria uma temporada tão longa na Broadway, e estava tudo certo para participar do espetáculo. Mas seu contrato foi prorrogado, e ele não poderá mais comparecer'', revelou o maestro Jamil Maluf, diretor artístico do Municipal.


 


Maluf foi um dos primeiros maestros a trabalhar com Szot no Brasil, na montagem de La Bohème, em 1998. Depois disso, os dois seguiram com a parceria por muitos e muitos espetáculos bem-sucedidos, como Carmen e Romeu e Julieta. ''O que está acontecendo agora com ele é muito natural. É um reconhecimento pelo talento e pelo profissionalismo que ele sempre demonstrou. O Paulo aparece sempre muito bem preparado para os ensaios'', elogia o maestro.


 


Ele ressalta ainda a dificuldade enfrentada pelos cantores estrangeiros para entrar no mercado americano, onde Szot já vinha conquistando espaço como cantor de ópera, mesmo antes da Broadway. ''O mercado europeu é mais aberto. Já o americano é bem complicado. Tão difícil que quando um brasileiro consegue um reconhecimento como esse gera essa repercussão toda! Mas ópera não tem fronteiras. Puccini é Puccini em qualquer lugar'', afirmou, referindo-se ao famoso compositor italiano.


 


A premiação de Szot pode refletir positivamente aqui no Brasil? ''Ópera, hoje, é uma das formas mais populares da música erudita. Vamos estrear o espetáculo Madama Butterfly e os ingressos já estão esgotados. Temos um alcance enorme de público. Mas claro que um prêmio é sempre positivo.''


 


Paulistano, Szot tem 38 anos e, durante 12, atuou exclusivamente como cantor lírico. Iniciou seus estudos de música aos 4 anos de idade. Com 18, recebeu uma bolsa de estudos do governo polonês para a cidade de Cracóvia, onde começou a estudar canto.


 


No Brasil, estreou em 1997 protagonizando a montagem do Teatro Municipal de São Paulo para O Barbeiro de Sevilha. Mas estourou mesmo no ano seguinte, na montagem de La Bohème, concebida por Jorge Takla e o próprio Maluf, maestro com o qual ele trabalharia repetidas vezes ao longo de sua carreira. Também merece destaque a participação de Paulo, na pocket ópera NXW, dirigida por Gerald Thomas.


 


Szot participou regularmente do Festival Amazonas de Ópera, uma das principais iniciativas operística brasileira. No Teatro Municipal do Rio de Janeiro, sua voz tornou-se conhecida em 2000 na montagem de Carmen. Descoberto na ópera, o cantor causou sensação ao derrotar 200 concorrentes que disputavam a vaga de protagonista na pele de Emile de Bequea em South Pacific.


 


O brasileiro tem recebido elogios e adjetivos como ''magnético'' e ''romântico'' no papel do fazendeiro francês. Em entrevista recente, ele disse que nunca imaginou que a Broadway contrataria um brasileiro para fazer esse papel.


 


Da Redação, com informações da Reuters e do G1