Ministério Público confirma atuação de milícias na Zona Oeste do Rio

A existência de um grupo miliciano autodenominado “Liga da Justiça” na Zona Oeste do Rio de Janeiro foi confirmada pelos promotores de Justiça Jorge Magno e Bruno Stibich à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembléia Legislativa do Rio que inves

Os promotores afirmaram que a milícia controla o transporte alternativo, os serviços de fornecimento de gás e TV a cabo e negocia segurança particular, entre outras atividades.




A relação entre o domínio econômico e político e o histórico da milícia também foram abordados pelo promotor Jorge Magno, que trabalha na região desde 2001. “De início, as pessoas desempregadas encontraram no transporte alternativo um meio de sobrevivência e, para tentar ganhar legitimidade, formaram cooperativas. Observado o alto lucro da iniciativa que arrecadava, na época, cerca de R$ 700 mil por mês, o grupo resolveu tomar o controle do serviço”, contou Magno, acrescentando que, na seqüência, as milícias passaram a vislumbrar a possibilidade de lucros também de outras formas. “O número de homicídios na região é muito alto. E a maioria não é solucionada porque ninguém quer depor contra a milícia”, contou Magno. Segundo os promotores, o inquérito para investigar a atuação da milícia em Campo Grande surgiu exatamente pelo grande número de homicídios cometidos por policiais contra policiais.



O promotor Bruno Stibich destacou ainda a questão política que envolve as milícias a afirmou que, em época eleitoral, o território é dividido e alguns candidatos são proibidos de realizar campanhas em locais pré-determinados de outros candidatos, integrantes da milícia. “Há denúncias de que a população é obrigada a votar em certos candidatos”, disse. Segundo o promotor, qualquer trabalho, como da Promotoria e da CPI, será em vão, caso o Estado não consiga oferecer à população os serviços sociais. “Podemos investigar, enfraquecer o grupo, mas o braço político é extenso e, se o Estado não oferecer, principalmente, Segurança Pública, outro grupo miliciano tomará o poder, ou o próprio tráfico de drogas”, afirmou.



Na ocasião, o inspetor de polícia que fez o Registro de Ocorrência do atentado com uma bomba contra a 34ª Delegacia de Polícia (Campo Grande) também foi ouvido, em reunião fechada, já que tratavam de nomes de possíveis envolvidos nos grupos investigados que deverão ser convocados pela CPI.



A CPI das Milícias disponibiliza um serviço telefônico, com ligação gratuita, para quem quiser denunciar ou dar informações sobre milícias. É o 0800 28 20 376, que funciona de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h.