Vila das Artes inaugura o seu primeiro prédio
Espaço voltado à formação, experimentação, produção, difusão e reflexão nas diversas linguagens artísticas abre suas portas para o público no dia 19 de setembro, em novo prédio.
Publicado 16/09/2008 15:06 | Editado 04/03/2020 16:36
A Vila das Artes, espaço voltado à formação, experimentação, produção, difusão e reflexão nas diversas linguagens artísticas, é um equipamento vinculado à Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Fortaleza. Na próxima sexta-feira, dia 19, o Bloco I do complexo cultural, também composto por outras duas edificações, será oficialmente inaugurado e ocupado ao longo dos dias com atividades culturais diversas e especialmente pensadas para marcar a data (ver programação abaixo).
Antigo casarão da família Pinheiro de Almeida, projetada em 1954, pelo arquiteto Jaime Vieira, em estilo Maneirismo, a “casa das escolas”, como vem sendo informalmente chamada, foi desapropriada pela Prefeitura em dezembro de 2005, passando a compor a Vila do Barão de Camocim, situada entre as ruas General Sampaio e 24 de Maio, no centro histórico de Fortaleza.
Requalificada à luz de seu desenho original, passa a abrigar as Escolas Públicas de Audiovisual e Dança e o Núcleo de Produção Digital, que há dois anos vinham funcionando em espaços franqueados por parceiros como a Universidade Federal do Ceará (UFC), SENAC, Casa Amarela Eusélio Oliveira e Alpendre Casa de Arte.
Hoje, o Bloco I da Vila das Artes também é composto por auditório, videoteca, biblioteca, sala de leitura, ateliê, ilha digital, salas de aula para os cursos de formação e outros espaços internos e ao ar livre que serão usados para atividades e eventos culturais gratuitos.
Lugar de encontro e conhecimentos aplicados às artes, especialmente àquelas ligadas ao cinema, à fotografia, ao vídeo, à dança cênica, às mídias digitais e às artes visuais, a Vila das Artes vem proporcionar a interação destas linguagens, dialogando com sujeitos sociais e artistas da cidade, do Brasil e do exterior a fim de potencializar a reflexão e o envolvimento dos moradores e visitantes com a arte, a política e a cidade.
Afinada com debates ligados à contemporaneidade e experimentações artísticas, a “casa das escolas” conta com programas permanentes, como o Cineclube Vila das Artes, que exibe todas as quartas-feiras filmes de arte em sessões gratuitas; o Debates Incalculáveis, que uma vez por mês traz à cidade pesquisadores, artistas, cineastas ou professores para conversas abertas ao público; o Cinema de Canto a Canto, que aposta nas exibições em praças públicas; o Pontos de Corte, que capacita agentes culturais para trabalhar com arte e cultura em comunidades diversas, a partir de intervenções urbanas e experiências audiovisuais coletivas; o programa Aulas Abertas de dança cênica, que mensalmente convida um profissional da área para workshops; o Cursos Livres, voltados ao aprimoramento técnico para realizadores e profissionais do audiovisual; o Apoio à Produção Audiovisual, que possibilita o empréstimo de equipamentos para realização de produções audiovisuais; a Consultoria a Projetos Audiovisuais, que vem orientar interessados em inscrever projetos ligados ao audiovisual em editais e concursos públicos afins e o Circulando Brasil, que garante o envio gratuito de vídeos e filmes para festivais nacionais.
Para além das atividades contínuas, o espaço se abre à mostras, instalações e intervenções de alunos e ex- alunos dos programas de formação (Cursos de Extensão em Audiovisual e Dança e Pensamento e de formação de Agentes Culturais/Exibidores Independentes – Pontos de Corte).
A Vila das Artes tem como diretora geral a jornalista Sílvia Bessa. Como coordenadores setoriais, a bailarina Cláudia Pires (Escola Pública de Dança), o psicólogo Fábio Giorgio Azevedo (Escola Pública de Audiovisual) e a cineasta Michelline Helena (Núcleo de Produção Digital).
Programação Especial de Inauguração
A programação de inauguração do Bloco I terá início a partir das 17h, com aula aberta de dança ministrada pela bailarina Willemara Barros, performer e professora de técnica clássica da Cia. Dita. Às 18h, haverá a apresentação do resultado da Residência de Composição Coreográfica, do programa Aulas Abertas, ministrado por Fauller e Willemara Barros. Uma projeção de vídeos do grupo Intervenções Humanas, formado por alunos do Curso de Formação do projeto Pontos de Corte, também as vídeo-instalações “Quando o céu beija a terra” de Guto Parente, “Lavagem do Barão” de Euzébio Zloccowick, “O Muro” de Victor Furtado e a instalação”Velocine#1″, de Fred Benevides, a partir das 19h. Na seqüência, serão exibidos o filme Arqueologia e Arquitetura do Ateliê Imagem e Alteridade, de Rúbia Mércia e Marcos Rudolf e os vídeos dos alunos do Curso de Extensão em Audiovisual.
Às 19h30min, a Companhia de Dança Janne Ruth se apresenta seguida das performances dos artistas Manuela Gadelha, Cecy Vila Real e Carlos Antônio dos Santos. Às 20h, conversa com o professor-doutor Nelson Brissac, da PUC-SP, que reflete sobre a relação entre produção artística, cidade e poder público. Brissac
é filósofo e trabalha com questões relativas à arte e ao urbanismo. É professor do Departamento de Comunicação e Semiótica da PUC-SP e organizador, desde 1994, de Arte/Cidade (www.artecidade.org.br), um projeto de intervenções urbanas em São Paulo. Também a presença de Sílvio Da-Rim, secretário da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura.
No sábado, 20, às 11h, tem início a Mostra 80 Horas. Serão exibidos filmes e vídeos nacionais e estrangeiros do cinema novo, da cinematografia dita marginal, sócio-educativos e de animação. A mostra prevê 80 horas ininterruptas de exibição, em alusão aos 80 anos de cineclubismo no Brasil. A partir de 14h, a mostra comentada de Vídeo Dança tem como mediador o pesquisador, professor e videomaker Alexandre Veras.
Do dia 22 ao dia 27, aulas do módulo Dança e Ensino, do curso de extensão da Escola Pública de Dança, serão ministradas pela pesquisadora e professora Isabel Marques. Alunos ouvintes interessados podem se inscrever gratuitamente no período de 15 a 19 de setembro, através do email escoladedancadefortaleza@gmail.com
Na terça-feira, dia 23, às 20h, o encerramento da Mostra 80H com uma palestra do presidente do Conselho Nacional de Cineclubismo, Claudino de Jesus.
Outros Olhares
Pela Vila das Artes já passaram profissionais como o pensador e filósofo português José Gil; o pesquisador italiano de novas tecnologias e dança, Armando Menicacci; os pesquisadores de dança cênica Thereza Rocha, Eliana Rodrigues, Isabel Marques e Isabelle Ginot (França). Phillipe Dubois, um dos maiores pesquisadores do campo da imagem, também ministrou aulas na Vila das Artes, além do professor André Parente, criador do Núcleo de Tecnologia da Imagem (N-imagem) da UFRJ. O pesquisador de cinema e imagem João Luiz Vieira, o pesquisador e restaurador de cinema, Hernani Heffner, o videomaker Alexandre Veras, além dos cineastas Joel Pizzini, Joel Yamaji e Joaquim Assis também enriqueceram a formação de alunos e frequentadores, assim como o professor Antônio Luís Mendes, a artista visual e pesquisadora Lílian Amaral, o crítico de cinema Ruy Gardnier e os roteiristas Felipe Bragança e Gustavo Cascon, entre tantos outros profissionais.
Para a artista visual, pesquisadora e curadora independente Lilian Amaral, a Vila das Artes é uma referência no país. “Apesar de estar em funcionamento há dois anos em Fortaleza, a criação da Vila das Artes vem de um amadurecimento anterior dos artistas e pensadores da cidade, e hoje posso dizer com certeza que é uma referência em outros lugares. Ouço as pessoas citando o trabalho desenvolvido aqui em outras capitais do Brasil. Para mim, é um privilégio poder colaborar com minha experiência em arte pública, pois meu trabalho é parecido com o da Vila, de artistas que produzem, escrevem e articulam-se. Vemos aqui as possibilidades de cruzamento de esferas e lugares – onde podemos, através dos trabalhos desenvolvidos, apontar caminhos outros por meio da expressão cultural. É também fantástica esta possibilidade do curso de extensão interligado com uma universidade, isso a gente não vê por ai”.
A coreógrafa Valéria Pinheiro, da companhia Vatá /Teatro das Maria e gestora do Teatro das Marias em Fortaleza elogia a iniciativa municipal. “Acho que o momento em que a gente vive, com esta conquista de abertura do novo espaço da Vila das Artes, inaugura um tempo novo que dialoga com o Brasil. A possibilidade de concentrar todos os espaços de arte em um único prédio é a certeza da amplitude de idéias e pensamentos. A gente vai romper um território também, chegando em outros países, pois estamos nos colocando na mesma esfera. Acredito que a Vila vai inaugurar a possibilidade de uma educação ampliada através da cultura. A gente nunca viveu nada parecido, a gestão nos oferece a possibilidade de ver nosso sonho concretizado, extrapolando o campo das idéias e realizando. Me sinto acima de tudo uma cidadã muito feliz, agora quero continuar pensando porque queremos sempre mais”.
O cineasta e professor da Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo (ECA- USP), Joel Yamaji, ministrou aulas no curso de extensão em audiovisual. Yamaji realizou os filmes “O Espectador que o cinema esqueceu”, “Impressões para Clara”, “Flores para os mortos” e “A Ira”, entre outros. Para ele, a Escola do Audiovisual da Vila das Artes foi uma experiência bastante marcante. “Pude sentir, depois de muito tempo, novamente, a experiência do cinema como algo vivo, orgânico, assim como eu o aprendi, o porquê inclusive de tê-lo escolhido como modo de vivenciar as coisas, o mundo. Uma construção em equipe. O respeito pela singularidade do estilo alheio, a cumplicidade e parceria na maneira de se conduzir os atos, a rapidez com que se aceitava as limitações do humano e se rearticulava enquanto grupo para driblar adversidades em torno de um objetivo de criação em comum: o filme, a imagem a se construir. Porque o cinema é, sobretudo, a construção da imagem (e dos sons) do pensamento e de um temperamento humano. Na Vila das Artes, o cinema tem o que pode ter de maior: cada um procurando dar o melhor de si, mas na intenção, sobretudo, de querer preservar o sentido das relações humanas, o conhecimento mútuo dentro da tolerância e do respeito, da criação em comum. E, portanto, da admiração, da paixão. O cinema como linguagem do humano, expressão do inconsciente, do coletivo, de uma cultura, de uma civilização”.
“Já ouvi falar da Vila das Artes, antes de estar aqui, e esta batalha pela casa merece aplausos. O nível de criação intelectual e humano das pessoas daqui é muito bom, pra mim foi muito enriquecedor ter participado do curso de extensão em audiovisual, ratificou Joaquim Assis, cineasta, roteirista da novela Caminhos do Coração da Rede Record.
Programação Especial de Inauguração
Dia 19 de setembro (sexta-feira)
17h – aula aberta de dança com a bailarina Willemara Barros
Exposição “Bicho de Ferro de Beto Gaudêncio
18h – apresentação do resultado da Residência de Composição Coreográfica, do programa Aulas Abertas, com Fauller e Willemara Barros.
Projeção de Vídeos dos alunos do projeto Pontos de Corte.
19h – Vídeo – instalação “Quando o céu beija a terra”, “Lavagem do Barão”, ” O Muro” e a instalação “Velocine#1”. Projeção do filme Arqueologia e Arquitetura do Ateliê Imagem e Alteridade e exibição dos vídeos dos Ateliês dos alunos do curso de extensão em Audiovisual.
19h30min – espetáculo de dança com a Companhia de Dança Janne Ruth de Fortaleza e performances.
20h – Solenidade de Inauguração
Conversa com o professor da Pontifica Universidade Católica de São Paulo (PUC), Nelson Brissac, sobre a relação entre produção artística, cidade e poder público e Sílvio Da – Rim, Secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura.
Dia 20 de setembro (sábado)
11h – abertura da Mostra 80H
14h – Mostra Comentada de Vídeo Dança com o pesquisador, professor e videomaker, Alexandre Veras.
Dia 22 de setembro (segunda-feira)
19h – início do módulo Dança e Ensino, do curso de extensão da Escola Pública de Dança com a pesquisadora e professora Isabel Marques. Inscrições gratuitas para alunos ouvintes de 15 a 19 de setembro através do email escoladedancadefortaleza@gmail.com.
Dia 23 de setembro (terça-feira)
20h – encerramento da Mostra 80H e palestra com o presidente do Conselho Nacional de Cineclubismo, Claudino de Jesus.
Dia 26 de setembro (sábado)
20h – Intervenção urbana no Bar do Feitosa (rua Adolpho Herbster 235 – Benfica), pelo grupo Intervenções Humanas.
Vila das Artes – Bloco 1 – Rua 24 de Maio, 1221
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Prefeitura Municipal de Fortaleza
Escola de Dança – Vila das Artes
Rua 24 de Maio,1221 – Centro, Fortaleza – CE.
Informações: + 55 85 3105.1402
escoladedancadefortaleza@gmail.com
Fonte: Vila das Artes