O pensamento de Sérvulo
O artista plástico cearense Sérvulo Esmeraldo abre hoje exposição no Dragão do Mar com obras suas dos últimos 40 anos e evidencia a coerência de sua trajetória
Publicado 30/09/2008 09:43 | Editado 04/03/2020 16:36
Artista plástico Sérvulo Esmeraldo abre hoje, no Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura exposição em homenagem aos seus 80 anos (Foto: Alex Costa) Sérvulo Esmeraldo caminha por dentro do Museu de Arte Moderna do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, local onde algumas obras suas estarão a partir de hoje numa exposição em homenagem aos seus 80 anos de vida. O artista anda em passos curtos e calmos, até parar diante de alguns materiais de pintura no chão, usados para a montagem da exposição. Atenta para a simetria da disposição de dois rolos de tinta. “Isto aqui é um quadro já pronto”, e risca com um dedo um quadrilátero imaginário.
A exposição – que se estende por outros espaços do Dragão do Mar, como a Praça Verde e as duas salas do Memorial da Cultura Cearense, onde se encontram a maioria das peças – deixa entrever, do começo ao fim, que as obras de Sérvulo repetem essa mesma ação, mas, ao invés de rolos de tinta, usa-se teoremas matemáticos e outras matérias do pensamento para criar formas que não existem na natureza, e dizer: isso é arte.
O recorte escolhido para a exposição foram obras dos últimos 40 anos, que vão desde a gravura de 1968 até os trabalhos mais recentes, como estruturas geométricas de aço. Integra ainda as peças, três “excitáveis”, obras que funcionam com energia eletrostática e que fizeram Sérvulo figurar no movimento cinético internacional.
Depois das engenhocas da infância no Crato, dos desenhos da adolescência, das gravuras e esculturas da maturidade artística na Europa, onde viveu 25 anos, Sérvulo ainda persegue as idéias de antes, desfiadas mais um pouco a cada nova obra. “Ele é um artista muito coerente. Na verdade, ele tem um repertório pequeno, mas bem trabalhado. Ele é um artista bem econômico”, diz a curadora da exposição e sua esposa Dodora Guimarães.
Sérvulo Esmeraldo prepara sua entrada na casa dos octogenários. Diz ter tomado um susto quando se deu conta dos anos. “Queira ou não queira, você está perto da morte”, fala com a voz mansa. “Só tenho medo de uma coisa, eu não queria morrer doente, queria morrer normalmente. Não queria morrer assim aos poucos. Longe de ser suicidário, não passa pela minha cabeça. Mas você tem que ter consciência que você tá se aproximando e que tem que ser cada vez mais correto”.
SERVIÇO
Exposição com obras dos últimos 40 anos de Sérvulo Esmeraldo. Abertura, hoje (30), 19 horas, no Central Dragão do Mar de Arte e Cultura (Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema). A exposição fica aberta até o dia 16 de novembro. Mais informações: 3488 8600