Marcos Valério tem prisão prorrogada
Justiça determina que empresário fique detido mais cinco dias na PFOperação Avalanche. Medida judicial é extensiva aos advogados Rogério Tolentino e Eloá Leonor Veloso.
Publicado 15/10/2008 03:25 | Editado 04/03/2020 16:51
A Justiça Federal decretou ontem prorrogação da prisão temporária, por mais cinco dias, do empresário Marcos Valério, caixa dois do mensalão que a operação Avalanche prendeu sexta-feira como suposto articulador de um esquema de corrupção e quadrilha para forjar inquérito contra dois fiscais da Fazenda de São Paulo que autuaram em R$104,54 milhões a Cervejaria Petrópolis – cujo presidente, Walter Faria, é seu amigo. A ordem para manter Valério na Custódia da Polícia Federal em São Paulo é da juíza Paula Mantovani Avelino, da 1ª Vara Criminal Federal.
Ela acolheu representação do procurador da República Roberto Antonio Dassié Diana, que endossou relatório da PF e alertou para a “extrema e comprovada necessidade” da prisão de Valério. A medida é extensiva aos advogados Rogério Lanza Tolentino, sócio de Valério, e Eloá Leonor Veloso, que teria participado do plano de suborno dos delegados Antônio Vieira da Silva Hadano e Silvio Salazar, da PF de Santos, onde foi aberto o inquérito contra os fiscais.
“A representação é pertinente, uma vez que seus interrogatórios foram realizados sem que a autoridade policial tivesse acesso a todo o material apreendido em suas residências e locais de trabalho”, destacou a juíza. “Evidente que o cotejo do teor das oitivas com o resultado da apreensão mostra- se imprescindível e necessário às investigações.” Paula Mantovani asseverou que “permanecem inalteradas as razões que ensejaram e deram base à decretação da custódia temporária”.
Ao ordenar que a advogada Eloá permaneça detida, a juíza anotou: “Pela leitura do interrogatório, percebese a existência de contradiçãocom o conteúdo dos diálogos interceptados, não tendo a investigada esclarecido a questão relacionada à tentativa de publicação, na imprensa, mediante pagamento, da matéria relacionada à instauração do inquérito policial contra os fiscais. Há, portanto, necessidade de sua reinquirição e, segundo informado pelo delegado, a própria investigada retardou a realização do ato.”
Mensalão
O documento da juíza Paula Mantovani faz referência ao processo criminal do mensalão, no Supremo Tribunal Federal. “Valério e Rogério Tolentino respondem a ação penal tanto na Justiça de primeiro grau como também no STF e, mesmo assim, continuam a incidir em práticas criminosas, denotando o desrespeito à Justiça e crença na impunidade.” O grampo da PF pegou Valérioemsucessivos contatos com o advogado Ildeu Pereira Cunha, que ele admitiu ter indicado ao empresário Walter Faria.
“Foi possível estabelecer a razão pela qual Marcos Valério e Rogério Tolentino, através de Ildeu Pereira, contrataram os serviços de Paulo Endo e Daniel (dois policiais que estão presos). Procederam a levantamentos com intuito de macular e instar instâncias administrativas sobre eventual suspeição contra os agentes de fiscalização.
” Marcelo Leonardo, advogado de Valério, afirma que o empresário não tem participação na Avalanche e que ele apenas indicou o advogado Ildeu Pereira para assessorar o dono da Petrópolis. A cervejaria informa não possuir qualquer tipo de contrato de trabalho com Valério e não teve acesso ao inquérito da PF, mas “está à disposição das autoridades”.
Fonte: Jornal O TEMPO, do dia 15 de outubro de 2008