Acordo do PT e PMDB está na corda bamba no Senado
A dificuldade em torno do apoio do PMDB para o PT na sucessão à Presidência do Senado ficou mais em evidência nos últimos dias. Principalmente depois que Renan Calheiros (PMDB-AL) disse a Tião Viana (PT-AC), candidato a suceder Garibaldi Alves (PM
Publicado 24/10/2008 17:47
Renan Calheiros nega que tenha mágoa de Tião Viana por conta do processo de cassação que enfrentou. O senador alogoano foi acusado de usar recursos de empreiteira para pagar pensão à filha que teve fora do casamento com jornalista Mônica Veloso. Ele teve que renunciar ao cargo de presidente da Casa e reclamou que Viana, o seu vice, ao assumir, pouco fez para livrá-lo do processo.
O apoio do PMDB ao PT no Senado faz parte de um acordo por ocasião da eleição do atual presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Em troca do apoio do PMDB, os petistas firmaram compromisso que na sucessão de Chinaglia o candidato seria peemedebista e no Senado a sigla apoiaria um candidato do partido do presidente Lula.
Os senadores do PMDB já anunciam que não participaram desse acordo. Mesmo assim, eles compareceram em peso, no início deste mês, ao lançamento da candidatura de Michel Temer (PMDB-SP) à Presidência da Câmara. Ao Vermelho, Temer declarou recentemente que o acordo caminha para ser consolidado, apesar de achar que é muito cedo para prever algum desfecho.
PT cobra fatura
Fiel ao cumprimento do acordo, o PT já anunciou estar firme com a candidatura Temer, mas pela primeira vez deixou claro que isso só ocorrerá se o PMDB ter suporte a Tião no Senado.
''O PMDB do Senado está fazendo uma tensão como se fossem dois partidos. Se rifarem o PT no Senado, o acordo está comprometido'', disse o líder do partido na Câmara, Maurício Rands (PE), segundo publicou nesta sexta (24) a coluna Panorama Político do jornal O Globo, assinada pelo jornalista Ilimar Franco.
Segundo o que publicou também nesta sexta a coluna Brasília-DF, do jornal Correio Brazilienese, assinada pela jornalista Denise Rothenburg, o presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), avisou “aos deputados peemedebistas que só honra o acordo de fazer de Michel Temer presidente da Câmara se os senadores do PMDB apoiarem um nome do PT para comandar o Senado.”
“Com o jogo truncado, Temer e o líder peemedebista na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), convocaram uma reunião de cúpula do partido para terça-feira da semana que vem, a fim de tentar arrumar o tabuleiro. Só que, por enquanto, os senadores do PMDB não se abalam e garantem que não dá para entregar o comando da Casa à quarta bancada, no caso o PT. E segue a queda-de-braço, sem data para terminar”, diz a coluna do jornal brasiliense.
Também durante esta semana já se falou na possibilidade de que o candidato do PMDB ao Senado seja o ministro das Comunicações, Hélio Costa (MG). A turbulência só cresceu quando o ministro declarou publicamente que teria muito honra em aceitar o desafio.
Em última análise, há quem aposte que o velho PMDB esteja fazendo jogo político para aumentar sua cota na equipe ministerial de Lula. Também se cogita que os senadores peemedebista estejam de olho na presidência do partido, cuja a direção é de um deputado federal.
De Brasília,
Iram Alfaia