Estiagem já causa perdas irreversíveis a agricultores do RS
A estiagem que atinge principalmente o Norte do Rio Grande do Sul já causa danos irreversíveis aos agricultores. Na região de Erechim e Palmeira das Missões (RS), os produtores de milho contabilizam perdas acima de 50% da safra. Camponeses registram pe
Publicado 11/12/2008 14:54 | Editado 04/03/2020 17:11
Por serem produtos que compõem a base da alimentação do gaúcho, os prejuízos também se estendem às zonas urbanas, como explica o integrante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Plinio Simas.
“A situação se torna muito complicada, porque é um produto que vai diretamente para a mesa do consumidor também. Então afeta diretamente os agricultores e os consumidores”, afirma.
A chuva que caiu no Rio Grande do Sul nesta terça-feira (09), apesar de forte e ocasionar estragos em algumas cidades, não foi suficiente para recuperar os plantios. Isso porque a incidência foi muito irregular nas principais regiões produtoras. Na região de Palmeira das Missões, variou de 5mm a 50mm. Já em Erechim (RS), não passou de 5 mm. O Assistente Técnico Regional (ATR) da Emater, Flávio Bonsada, alerta que caso não chova nos próximos dez dias, a perda no milho e na soja será praticamente total. Na região, todos os 50 municípios sofrem com a falta de chuva.
“Se não chover nos próximos dias, teremos perda total no milho e na soja. Ontem [terça-feira] choveu apenas 5 mm. Para hoje [quarta-feira], estava previsto 25 mm, mas temos sol”, diz.
Em todo o Norte gaúcho se observa um aumento na incidência de estiagens. Na região de Erechim, em 10 anos o comum era de que 3 fossem de seca e outros sete anos normais. No entanto, hoje a média é de cinco anos de estiagem e de chuvas normais. Em Palmeira das Missões, nos últimos dez anos, oito foram de estiagem.
Devido às decorrentes perdas e ao prejuízo já contabilizado neste ano, os pequenos produtores estão se mobilizando para recorrer à renegociação das dívidas. Plinio Simas, do MPA, afirma que os camponeses não terão condições de pagar as dívidas, que estão acumuladas dos anos anteriores, e nem o crédito do Proagro Mais conseguirá resolver a situação. Ele também reclama do governo estadual, que em dois anos de gestão não iniciou o programa de irrigação.
“Só existe a secretaria (Secretaria Extraordinária da Irrigação e dos Usos Múltiplos da Água). Não teve nenhuma repercussão para o agricultor”,diz.
No próximo dia 12, entidades de pequenos agricultores, bancos e representantes do governo federal participam de uma plenária na Câmara de Vereadores de Palmeira das Missões para debater as perdas com a estiagem.
FONTE: Agência Chasque