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PCdoB aborda limites do capitalismo em congresso argentino

Com uma convocação à “contra-ofensiva ideológica e cultural” depois de todo um período de defensiva da luta pelo socialismo, o secretário-geral do Partido Comunista da Argentina, Patricio Echegarray, deu o tom do encerramento do 24º Congresso do PCA, ocor

Participaram do 24º Congresso cerca de 300 delegados, sendo 23% deles jovens, pertencentes à Federação Juvenil Comunista (FJC). Todas as 23 Províncias (Estados) argentinas, assim como a Capital Federal (Buenos Aires) se fizeram representar no Congresso.


 


Pelo PCdoB, estavam no congresso Adalberto Monteiro, Secretário de Formação do CC e Ronaldo Carmona, da Comissão de Relações Internacionais. Além do Brasil, assistiram o Congresso representações do Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, Nicarágua e Cuba.


 


Conjuntura política argentina
Quanto à situação argentina, Echegarray, em seu informe político, apontou para uma situação contraditória, na qual “o governo (de Cristina Kirchner) não pode avançar, não pode furar o cerco conservador”, mas “os conservadores não podem definir a batalha”.


 


Para o PCA, “as estatizações realizadas (Aerolineas Argentinas, Previdência Social), assim como a atitude internacional do governo argentino no Grupo do Rio, sua participação na Unasul (União Sul-americana de Nações) com a presença (do ex-presidente) Kirchner no Chile, marcam uma via positiva, mas não conseguem modificar o essencial do sistema de predomínio do capital transnacional e o verbalismo desenvolvimentista não desloca as máfias financeiras que saqueiam nossas riquezas”.


 


Diante da visão de um quadro contraditório, a linha apresentada no Informe de Patrício Echegarray e aprovada pelo Congresso por unanimidade, diz que “temos que atuar com flexibilidade, com análise concreta de situações concretas. Por isso, nossa posição é com, sim ou contra o governo”. O “com” diz respeito a apoiar o governo quando ele apresentar medidas e políticas que os comunistas julguem corretas, segundo os interesses dos trabalhadores e do país. O “contra”, por outro lado, se refere à oposição às medidas que forem nocivas aos interesses nacionais e populares.


 


O PCA entende também que as forças populares no país “estão fortemente balcanizadas”, isto é, fracionadas, divididas, pelo que, o 24º Congresso decidiu propor o relançamento do que chamam de alternativa política, a partir de um programa de três grandes eixos: a integração sul-americana, através do Mercosul, da Unasul e da Alba; a distribuição da riqueza – base para a efetivação de um mercado interno que permita o país enfrentar a crise; e o “desenvolvimento econômico popular”, isto é, “pôr em primeiro plano uma ampla variedade de iniciativas que tenham como protagonistas as cooperativas urbanas e rurais, as pequenas e médias empresas, os micro-empreendimentos, as empresas recuperadas pelos trabalhadores, as empresas públicas democráticas e outras formas produtivas de bens e serviços em mãos dos autênticos produtores”.


 


Contribuições do PCdoB
A delegação do PCdoB interveio em dois momentos importantes do congresso. O primeiro foi durante um encontro das delegações internacionais presentes para discutir a atual crise do capitalismo, que contou com a presença da direção do PCA, através de seu secretário-geral e do secretario de Relações Internacionais, Jorge Alberto Kreyssnes e do economista argentino, Jorge Bernstein, a quem coube fazer uma intervenção introdutória. Nela, o economista acentuou, através de um conjunto de dados e exemplos, a gravidade da crise atual, que se diferencia da crise de 1929 por sua aceleração.


 


Em nome do PCdoB, Adalberto Monteiro apresentou as opiniões dos comunistas brasileiros, baseado naquelas teses consubstanciadas na nota do Comitê Central sobre a crise e nas opiniões intercambiadas na última reunião da Comissão Política Nacional.


 


Na sua intervenção, Monteiro advertiu que a crise é expressão dos limites de sustentabilidade e de equilíbrio do modo de produção capitalista, tendo causas objetivas e intrínsecas ao próprio processo de acumulação do capital. Com a aplicação das políticas neoliberais, se desata imensa financeirização e, assim, volumes inimagináveis de capital fictício atuam intensamente sobre a economia real. Monteiro apresentou a palavra de ordem dos comunistas brasileiros, representada nas idéias de defesa da economia nacional e defesa dos direitos dos trabalhadores.


 


A segunda intervenção importante da Delegação do PCdoB foi no encerramento do 24º Congresso, antecedendo, respectivamente, as falas do embaixador de Cuba na Argentina e do secretário-geral reeleito, Patrício Echegarray.


 


Em nome da Delegação, Ronaldo Carmona expressou as congratulações do PCdoB com o pleno êxito do 24º Congresso e apresentou as idéias centrais das duas declarações aprovadas no 10º Encontro de Partidos Comunistas e Operários, realizado sob auspícios do partido, no último mês de novembro, em São Paulo, Brasil.


 


Carmona lembrou a importante idéia-força da Declaração sobre a América Latina, aprovada no 10º Encontro, que reconhece, ao mesmo tempo, a diversidade e a convergência da atual tendência democrática e antiimperialista na América Latina. Lembrou que “as forças que fazem parte destes processos são diversas por definição, pois são diferentes seus objetivos estratégicos, as singularidades de formações sociais e históricas nacionais e os níveis de acumulação no plano de cada país”. No entanto, ressaltou apoiado na nota do 10º Encontro, estas “buscam objetivos gerais comuns, que se desenvolvem com maior ou menor profundidade”, com sentido convergente.


 


 


Da redação,
com informações de Buenos Aires