A Palestina, Israel e nossa indignação

Até 1947 a Palestina foi um protetorado inglês.  Nesta pequena faixa de terra, haviam igrejas, mesquitas e sinagogas, onde cristãos, muçulmanos e judeus conviviam em  harmonia. Até que, em setembro deste ano, a resolução 181 do Conselho de Se

Em 15 de maio  de 1948 é declarado formal o Estado de Israel. Para lá migraram milhares de judeus europeus e estadunidenses, judeus pobres, financiados pela burguesia judaica do mundo todo.  Bilhões de dólares foram injetados no país recém-criado. E um milhão de palestinos, que habitavam a região onde hoje fica Israel foram sumariamente expulsos de suas terras, dando então início à chamada diáspora palestina.


 


O Estado Palestino nunca foi criado, e o Estado de Israel foi cada vez expandindo-se mais e mais. Os palestinos da região, antes expulsos, começaram a ser mortos, e suas terras ocupadas por colonos israelenses, com todo o apoio estadunidense. Guerras e crises sucederam-se. Israel passou a ser uma porta de entrada importantíssima para o oriente médio e todo o seu petróleo, artigo fundamental para o imperialismo.


 


Hoje, Israel ocupa o dobro da área que ocupava em sua criação. Com armamento de alta tecnologia, com apoio irrestrito das potências neoliberais mundiais, manipula inclusive a mídia para difundir o conceito de que “todo árabe é um terrorista”. Atentados árabes são mostrados ao mundo todo, massacres israelenses passam despercebidos.  Alimentos, remédios, água, tudo  é racionado aos palestinos. O objetivo? A ocupação total do território por Israel.


 


Os campos de refugiados abrigam hoje famílias inteiras, totalizando cerca de 10.000 pessoas. Outras milhares encontram-se espalhadas pela Cisjordânia, líbano, pelo mundo todo, estes os que conseguem sair com vida. A resistência árabe é denunciada, como se a eles não fosse dado o direito de defesa de sua soberania, de sua vida. A eles, que milenarmente não abandonaram a aridez da Palestina, que não foram consultados para a criação de um Estado nacional  estrangeiro em suas terras, que vêem suas crianças sendo mortas e nem mesmo podem chorar por elas.


 


O que Israel chama de guerra na verdade é um massacre.  Os governos palestinos não são reconhecidos, a soberania deste povo não é reconhecida, civis são torturados e mortos no que eles chamam de “ataques cirúrgicos”. A imensa desigualdade de condições no enfrentamento, infantaria pesada contra pedras e paus, soldados fortemente armados e treinados contra crianças e adolescentes. A isto chamam de enfrentamento.


 


Israel e sua invasão genocida devem ser denunciados. Os governos democráticos do mundo todo têm que tomar posição. Sim, isto tudo diz respeito a nós também, não nos enganemos. Não é problema do outro lado do mundo. È problema nosso, e desta sociedade em que vivemos e fazemos parte. Pois se perdermos a capacidade de indignação e espanto com as atrocidades cometidas ao largo do planeta, logo as atrocidades vizinhas também já não nos causarão estranheza, e acharemos tão normal o genocídio e a limpeza étnica por lá como alguns que até já as propõem por aqui.


 



Regina Abrahão