Crise leva Islândia da centro-direita à centro-esquerda
O governo da Islândia demitiu-se esta segunda-feira, na sequência de forte contestação popular responsabilizando-o pela derrocada da economia do país. Um dia depois da demissão da coligação no poder, que integrava o partido de centro-direita do primeir
Publicado 30/01/2009 17:16
No fecho desta edição tudo apontava para que o futuro executivo resultasse de uma aliança dos social-democratas com o partido da Esquerda-Verdes, ficando o lugar de primeiro-ministro a cargo de Johanna Sigurdardottir, que detinha a pasta dos Assuntos Sociais. A rearrumação de forças na Islândia é para já transitória, uma vez que o país vai a votos a 9 de Maio, em eleições antecipadas.
A Islândia é uma ilha com 320 mil habitantes que não integra a União Européia e que até há pouco tempo era apresentada como um caso de “sucesso” pela sua prosperidade econômica. O alegado êxito islandês tinha pés de barro, como veio a verificar-se, pois baseava-se no setor financeiro, que não aguentou o embate da crise internacional deflagrada no outono passado.
No início de Outubro, os três principais bancos do país ficaram sem liquidez, o que provocou a revolta dos depositantes, muitos dos quais perderam poupanças e o emprego, e o governo foi forçado a intervir. A partir de então sucederam-se as manifestações de protesto, que começaram por se realizar aos fins de semana mas, desde meados de janeiro, passaram a ser praticamente diárias.
Para fazer face à situação de ruptura a que o país chegou, o governo negociou um plano de recuperação econômica do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Acusações a Londres
Em 8 de Outubro de 2008, com a economia islandesa já em plena crise, o governo britânico decidiu congelar os bens do Heritable, a subsidiária no Reino Unido do Landsbanki, banco que tinha sido nacionalizado na Islândia um dia antes. Na mesma altura, Londres determinou a passagem de todos os depósitos deste banco no Reino Unido, bem como do também islandês Kaupthing, para o ING Direct.
Socorrendo-se das leis ditas de “combate ao terrorismo”, o governo do primeiro-ministro Gordon Brown alegou então a necessidade de salvaguardar a “estabilidade do sistema financeiro britânico” e a “proteção dos interesses dos depositantes e contribuintes”.
A medida foi considerada “hostil” em Reikejavik, capital islandesa, não estando descartada a hipótese de o caso ser levado ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
A população celebrou nas ruas a queda do governo e os analistas admitem que a coligação de centro-direita até agora no poder venha a ser substituída por uma coligação de centro-esquerda.
* Fonte: http://www.avante.pt