Sindicato dos Jornalistas continua negociações salariais no Ceará
Na primeira rodada de negociações da campanha salarial dos jornalistas de mídia eletrônica, o Sindicato das Empresas Proprietárias de Emissoras de Rádio e TV do Ceará ofereceram um reajuste de 6,48%, percentual equivalente à inflação dos 12 meses que ante
Publicado 05/02/2009 11:31 | Editado 04/03/2020 16:35
A comissão de negociação do Sindjorce argumentou que a propoosta patronal significa um reajuste de 6,48% somente para os jornalistas contratados a partir de 2008. Para os empregados antigos, o percentual oferecido pelas empresas significaria um reajuste de apenas 1,26%, tendo em vista o piso salarial de 2007 (R$ 1.430,54 concedido por decisão judicial) ser maior que o piso estabelecido pela Convenção Coletiva de Trabalho 2008.
“Isso significaria a criação de dois tipos de jornalistas nas redações de rádio e TV: uns de primeira classe e outros de segunda classe”, disse a presidente do Sindjorce, Déborah Lima, acrescentando que o sindicato aceita a proposta patronal de reajuste de 6,48%, desde que o reajuste incida sobre o piso salarial de 2007.
Os negociadores das empresas ficaram de apresentar a contraproposta dos jornalistas aos patrões e trazer uma resposta na próxima rodada de negociação, marcada para o dia 13 de fevereiro, na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego.
No setor de impresso, negociações estão suspensas há 15 dias
Ao contrário do setor de rádio e TV, as negociações salariais dos jornalistas de jornais e revistas estão paradas desde o dia 20 de janeiro, quando o Sindjorce apresentou aos patrões proposta de piso salarial de R$ 1.267,20 e correção de 9% dos salários acima do piso. Quinze dias depois, os jornais Diário do Nordeste e O Povo ainda não responderam ao ofício encaminhado pelo Sindjorce, nem marcaram uma nova data para continuar as negociações.
“Estão usando a crise econômica como biombo, pois seus efeitos nas empresas de comunicação em 2008 não foram sentidos e a grande maioria teve resultado bastante lucrativo”, avalia o diretor do Departamento de Mobilização da FENAJ, José Carlos Torves.
O diretor FENAJ contesta os argumentos da crise econômica mundial, utilizados por representantes dos empresários para rejeitar melhores índices econômicos e condições de trabalho nas negociações em campanhas salariais, como na do Ceará, que ainda não foi fechada.
Leia a carta enviada aos jornais no dia 20 de janeiro
Ilmo. Sr.
Mauro Sales
Presidente
Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revsitas do Estado do Ceará
Sindjornais
Prezado Senhor
Após quatro meses de negociações coletivas, as empresas propuseram: a) o reajuste do valor do piso normativo e do valor dos salários no percentual de 7,5%, além da revisão das demais cláusulas econômicas com observância do mesmo índice; b) a manutenção da Cláusula da Pré-Aposentadoria da CCT anterior, contudo com “adaptações” que inegavelmente restringem a amplitude da aludida norma coletiva; c) manutenção das demais cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho anterior. Além disso, reiteraram a recusa a todas as propostas de novas cláusulas constantes na pauta de reivindicações.
Importante ressaltar que a proposta aprovada pelos jornalistas de jornais e revistas do Estado do Ceará, em assembléia realizada no dia 28 de agosto de 2008, foi nivelar o piso salarial da categoria de impresso ao existente em favor dos mesmos profissionais empregados em empresas de rádio e televisão (R$ 1.360,42). Isso implicaria na elevação do piso salarial no percentual de 18,09%.
Por sua vez, as empresas de jornal e revista no Estado do Ceará decidiram ofertar percentuais de recomposição salarial por demais rebaixados, inferiores, inclusive, aos concedidos pelas demais empresas do mesmo segmento no Nordeste e Sudeste, assim como os praticados em favor das outras categorias profissionais com a mesma data-base no Estado do Ceará. As rebaixadas proposições patronais – 5%, 5,5%, 6% e 6,3% – ensejaram não só a suspensão do processo de negociação coletiva, mas manifestações, além da projeção do impasse junto a setores importantes da sociedade cearense.
Esse cenário de esgarçamento da relação dialógica não é e nunca foi pretendido pelo SINDJORCE e pelos seus representados. Contudo, os jornalistas de jornal e revista no Estado do Ceará, decididamente, não aquiescem com a possibilidade de ter um dos mais baixos reajustes salariais de toda Região Nordeste e do Brasil, hipótese essa que não se justifica considerando que os jornais cearenses ocupam invejáveis posições no rankig nacional. Segundo os balanços publicados pelas próprias empresas no Diário Oficial do Estado, o jornal O Povo lucrou R$ 1,78 milhão em 2007 e o Diário do Nordeste, sem nenhum novo aporte de investimentos, ampliou o patrimônio líquido em R$ 2,5 milhões no mesmo período.
Não se revela crível que tenha sido estratégia das empresas a manutenção em patamares rebaixados das propostas econômicas apresentas, como eventual meio de esmaecer as pedidas formulas pelo sindicato profissional. Afinal, se tem conferido dimensões antes nunca vistas às dissensões existentes.
Somente após seis rodadas de negociação, as empresas de jornal e revista no Estado do Ceará apresentaram nova proposta, a saber: 7,15% e modificação da cláusula da Pré-Aposentadoria. Se de um lado referida posição das empresas materializa a retomada do diálogo, por outro, se revela distante dos parâmetros emergentes da própria realidade. Isso considerando que 95,8% dos acordos salariais fechados entre setembro e novembro de 2008 ficaram acima do índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
De maneira a construir o consenso necessário à celebração da Convenção Coletiva de Trabalho, alteramos a proposta inicial e apresentamos doravante a proposta de piso salarial no valor de R$ 1.267,20 e reajuste de 9% para salários acima do piso. Esperamos, desta forma, chegar a bom termo nas negociações coletivas de trabalho entre o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará e o Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Estado do Ceará.
Cordialmente,
Diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará – Sindjorce
Fonte: Sindjorce