Evo questiona movimentos de agente da CIA na Bolívia
O presidente Evo Morales instou os Estados Unidos nesta quinta-feira (26) a explicar o papel de um suposto agente da CIA, de origem mexicana, que “entra e sai da Bolívia” e os contatos que ele realiza. Evo aprofundou suas denúncias sobre uma “grande
Publicado 27/02/2009 16:07
“Se algum funcionário da embaixada dos EUA diz não houve nenhuma infiltração (na Bolívia), que me explique publicamente quem é Francisco Martinez, um mexicano que entra e sai da Bolívia, e que me diga que contatos ele tem”, desafiou o presidente durante uma cerimônia pública em La Paz.
Morales mencionou declarações feitas na véspera pelo encarregado de Relações Públicas da Embaixada dos EUA em La Paz, Urs Dennis, que questionou o governante de esquerda por acusar “sem fundamento” a CIA de se infiltrar na YPFB por meio de um ex-policial boliviano, Rodrigo Carrasco, alegado agente da agência de espionagem americana.
“Que ele me diga (se) que não estamos dormindo”, polemizou o chefe de Estado durante um discurso comemorativo do 73º aniversário da fundação da Academia Nacional de Polícia – quando conclamou os funcionários da instuituição a servirem à pátria, controlar e denunciar os “vende-pátria”.
O homem dos 21 cursos nos EUA
Em dezembro Evo Morales expulsou da Bolívia as agências estadunidenses DEA e Usaid, depois de ter expulsado também o embaixador dos EUA, Philip Golberg, que acusou de tramar contra o governo devido a seus laços com a ala mais radical da oposição boliviana. No momento, o governo busca um acordo com a oposição visando implantar a Constituição recém-aprovada em referendo.
No discurso de ontem, Evo advertiu que não o apanhariam desprevenido. “Diga ao representante da embaixada dos EUA que sabemos exatamente o que eles querem”, afirmou o governante, empenhado em revelar as rotas de penetração da CIA na Bolívia.
Morales também desafiou a legação diplomática de Washington a negar os vínculos de Carrasco com a CIA e outras agências americanas.
O líder boliviano passou em revista a folha de serviço de Carrasco e indagou qual funcionário boliviano, qual general da polícia realizou “21 cursos” de capacitação nos EUA, nas áreas de segurança, inteligência e comunicações.
“Que alguém negue que esse antigo capitão da polícia nacional seja da CIA, que diga que não há infiltração da CIA nas estruturas do Estado”, desafiou.
“Estou certo de que nenhum general (da polícia ou das Forças Armadas) tem 21 cursos de formação financiados pela embaixada dos EUA, um no Panamá, um na Inglaterra, um na Argentina e os outros nos EUA. que funcionário da polícia poderia ter tais privilégios?”, indagou. Disse ainda que Carrasco, “depois de se submeter à chamada prova do polígrafo, passou à servir a CIA “, no início desta década.
Carrasco e EUA negam tudo
Falando a uma estação de rádio na Bolívia, Carrasco, a quem polícia expulsou com desonra em 2004, dois anos antes da posse de Evo na Presidência, disse que não tem vínculos com a CIA, mas não se pronunciou sobre os cursos de treinamento nos EUA.
Nesta sexta-feira (27), Washington reagiu às acusações do líder boliviano. “Evidentemente existe um diplomata de carreira americano na embaixada (dos EUA) na Bolívia com o nome de Francisco Martínez, que está devidamente acreditado como segundo secretário junto à chancelaria boliviana”, disse a porta-voz do Departamento de Estado para assuntos do Hemisfério, Heide Bronke. Mas ela negou as acusações do presidente, ao mesmo tempo em que sustentava que o governo dos EUA não tem interesse em promover qualquer conspiração na Bolívia.
Da redação, com agências