Sem categoria

Aliados e adversários de Lago comentam cassação do governador

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou no início da madrugada de hoje o mandato do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), e determinou que o governo daquele Estado seja assumido pela senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), segunda colocada na eleiç

O governador cassado, no entanto, disse, do Maranhão, que vai recorrer e deve permanecer no cargo até o último recurso. Esta foi a segunda cassação de governador em menos de um mês. No dia 17, o TSE confirmou a cassação do então governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), e a posse do então senador José Maranhão (PMDB).


 
Cinco dos sete ministros do TSE concluíram que na eleição de 2006 ocorreram irregularidades que beneficiaram a candidatura de Jackson Lago e prejudicaram Roseana Sarney. Entre outras acusações, a oposição alegou que foram feitos 1.817 convênios no ano da eleição entre o governo estadual e prefeituras e associações civis.


 
Para o relator do caso no TSE, Eros Grau, ficou comprovada a compra de votos em Imperatriz, com a prisão de eleitores e a apreensão com o motorista de um vereador de R$ 17 mil em notas miúdas, de uma tabela com valores que seriam pagos em troca dos votos e de santinhos de Jackson Lago. O relator ressaltou o fato de que em um evento no município de Codó o então governador José Reinaldo Tavares declarou apoio a Jackson Lago. Essa foi uma das principais provas apresentadas pela acusação. O DVD com imagens desse evento em Codó foi veiculado na sessão de julgamento de ontem.


 


No julgamento, ocorreu um duelo entre os ex-ministros do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF) Sepúlveda Pertence, que defendeu os interesses de Roseana Sarney, e Francisco Rezek, responsável por tentar convencer os integrantes do TSE de que Jackson Lago não cometeu irregularidades na eleição. Sepúlveda Pertence tentou convencer os ministros do TSE que Jackson Lago é um político como os outros, que exerceu mandatos de deputado e prefeito de São Luís, e não apenas um “médico ingênuo”. Francisco Rezek reagiu em seguida. Disse que Jackson Lago não é um político tradicional, que é um médico que se entregou à atividade política, que não tem concessão de rádio e televisão.


 
A volta do Clã Sarney


 


Roseana Sarney no governo do Maranhão representa “a volta do Clã Sarney, o que significa que o fortalecimento da família dele não se deu apenas com o retorno do presidente do Senado (José Sarney, eleito em janeiro)”, afirma o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV. “É uma dose dupla sim, e, de certa maneira veio de forma inesperada. Mas foi pela via comum, que é da Justiça, pela via democrática”, afirmou o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV.


 


A senadora, no entanto, deverá se afastar do cargo por um período, já que terá de se submeter a uma cirurgia para a retirada de um aneurisma no cérebro marcada para este mês. “A chapa do Lago estava toda acusada, comprometida. Faz de conta que quem ganhou a eleição foi a Roseana. Assim como Lago tem um vice, ela também tem – e ele deve assumir”, diz o cientista.


 


Convênios custaram mandato



João Alberto de Souza (PMDB) é o vice de Roseana. Em entrevista ao site Terra Magazine o vice de Roseana é agressivo nas acusações a Jackson Lago: “Tínhamos uma preferência de mais de 70% no eleitorado, que eles nos tomaram comprando votos”. Explica:


 


“Um prefeito que recebe R$ 600 mil, R$ 800 mil de participação por mês, é óbvio que vai pro lado dele (Jackson) . Isso é determinante numa campanha no interior.(…) Nós jogamos limpo. Eles jogaram sujo. Jogamos com a regra e eles fora da constituição. Ganhamos no primeiro turno e eles roubaram os nossos votos”.


 


Os advogados de Lago alegam que houve cerceamento de defesa. Segundo João Alberto, é tático, para a defesa do Jackson, retardar os processos. “Queriam esgotar o mandato com o processo parado na justiça”, analisa o vice de Roseana.


 


A decisão por não chamar novas eleições e entregar o mandato à segunda colocada foi tomada logo após os ministros votarem pela cassação, por cinco votos a dois.


 


A discussão agora é “quando a transferência será realizada”. Lago e Porto poderão permanecer no cargo até que as possibilidades de recursos no TSE se esgotem. Portanto, a não-empossada governadora deverá aguardar os eventuais recursos serem protocolados pelos advogados de Jackson Lago.


 


PDT apoia Lago



O PDT, partido de Jackson Lago, divulgou nesta quarta-feira (4) nota oficial de solidariedade ao governador do Maranhão. O PDT disse apoiar todos os recursos que serão ajuizados em favor de Lago no TSE. Também condenou as acusações atribuídas ao governador, afirmando que elas são uma “prática” dos adversários de Lago, e não dele.


 


“É inacreditável e demonstra total desconhecimento da realidade política maranhense atribuir a Jackson Lago exatamente a prática dos seus adversários, conhecidos nacionalmente por abusar do seu incontestável poder econômico e político”, diz a nota.


 


Da redação,
com agências