Depois daquilo roxo, Collor cisca para fora
Com aparições remotas no Senado no período de dois anos, Fernando Collor (PTB-AL) retornou ao centro do debate político ao se eleger presidente da Comissão de Infraestrutura. Não só isso. Reeditou o uso de expressões nada adequadas em ocasiões formais, co
Publicado 05/03/2009 20:31
A situação no Senado já estava tensa por conta do apoio do PMDB ao PTB. O acordo enfraquecia a candidata do PT. Devido à proporcionalidade, ou seja, tamanho da bancada, Ideli Salvatti tinha direito ao posto, mas acabou sendo derrotada por 13 a 10.
Após chamar a aliança entre os peemedebistas e petebista de espúria, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse indignado que ciscar para dentro não faz parte do histórico da petista e pediu retratação. Muitos correligionários de Ideli também ficaram irritados com o ex-presidente.
Com os ânimos acirrados, Collor retirou a expressão dos anais da Casa e explicou que não teve objetivo de ofender a senadora. Ele disse que se tratava de uma expressão popular no Nordeste utilizada para identificar pessoas agregadoras.
Se não havia a intenção de usar o sentido pejorativo para comparar a condição de mulher à ave, o fato em si não exime o senador de críticas. No ambiente público de debate que é o Senado esse tipo de expressão é condenada pelos seus próprios pares.
Expressão é usada no Nordeste
Pedro Nelson Bonfim Ribeiro, 56 anos, sub-reitor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) com 30 anos de docência no Departamento de Psicologia, disse ao Vermelho que a expressão “cisca para dentro” não é usada com constância e nem muito usual (risos), mas ela existe.
O professor e alagoano da gema, palavra que ele explica ter origem na outra genuíno (natural), diz que a expressão retrata as pessoas que trabalham juntas, mas que não é usada na formalidade. “É usada no ambiente informal da mesa do bar”, cita. Reconhece que no estado vizinho de Pernambuco a expressão também é usada
Questionado sobre o que ele achou da atitude do senador, o professor disse que era evidente que a expressão era utilizada apenas no cotidiano e na informalidade.
Para a presidente nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM), Eline Jonas, esse tipo de expressão deveria ser evitada. “É preciso suprimir expressões discriminatórias que dão sentido a outras conotações”, afirma. Eline cita como exemplo a seguinte frase: “a situação está preta.”
Segundo ela, o movimento tenta policiar e ficar atento a determinadas expressões que manifestam um conteúdo machista e racista, sobretudo no espaço público. A presidente da UBM diz que as autoridades precisam evitar expressões preconceituosas, estigmatizadas e de dupla conotação.
De Brasília,
Iram Alfaia