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Uma em cada 50 crianças dos EUA é sem-teto

Uma de cada 50 crianças americanas experimenta a condição de sem-teto. O número consta de relatório divulgado nesta terça-feira (10) pelo National Center on Family Homelessness (Centro Nacional sobre Famílias Sem-Teto). O estado de Connecticut é

“Esses meninos são vítimas inocentes, parece que de alguma maneira eles foram postos de fora”, disse a presidente do centro, Ellen Bassuk. “Por que eles são marginalizados dos EUA?”



1,5 milhão de crianças sem casa



O relatório analisa os dados de 2005 e 2006. Ele estima que 1,5 milhões de crianças experimentaram a condição de sem-teto pelo menos uma vez durante estes anos. Diz que atualmente o problema certamente se agravou, devido às execuções de hipotecas imobiliárias e às demissões provocadas pela recessão em aprofundamento.



“Se pudéssemos congelar a situação atual, seria um quadro bastante ruim”, comentou o senador democrata Robert Casey, da Pensilvânia, que escreveu a introdução do relatório. “Ao fim deste ano, será muito pior”, agregou.



O relatório classifica os estados norte-americanos em quatro áreas: crianças sem-teto em relação à população; bem-estar infantil;  crianças em risco de perder suas casas; e política e planejamento estaduais.



Os estados melhor colocados foram Connecticut, New Hampshire, Havaí, Rhode Island e Dakota do Norte. Os piores no ranking foram o Texas, Geórgia, Arkansas, Novo México e Louisiana.



Refletindo a destruição causada pelo furacão Katrina,  a Louisiana mostrou o maior número de crianças sem-teto em relação à população (dado de 2006). A segunda pior colocação ficou com o Texas e a terceira com a Califórnia, o estado mais rico e populoso do país.



“Se você não investe no social”…



Para Ellen Bassuk, professora de psiquiatria na Escola de Medicina de Harvard, muitos estados deixam a desejar no que diz respeito à política e planejamento. Apenas seis deles possuem um planejamento “extensivo” visando enfrentar o problema. Vinte e quatro estados receberam a avaliação “insuficiente”.



Ken Martin, diretor da Texas Homeless Network (Rede de Sem-Teto do Texas), disse que era previsível a grande quantidade de crianças sem uma casa em seu estado. “Não surpreende; se você você não investe dinheiro em serviços sociais, os problemas crescem”, criticou Martin, que expressou a esperança de melhorias no futuro.



O Conselho Texano Interagências para os Sem-Teto está elaborando um programa para enfrentar o problema. Por ainda não possuir um plano, o estado ganhou a nota “insuficiente” no relatório.



Michael Gerber, diretor-executivo do Departamento de Habitação e Assuntos Comunitários do Texas e presidente do conselho interagenciais, disse que funcionários estão avaliando a forma de empregar US$ 41 milhões de verbas federais destinadasa a programas de habitação.



“O pior é se sentir numa prisão”



Em Arkansas, há relativamente poucos abrigos atender às famílias sem-teto. Por isso Vaughn Summerville levou tempo até achar o Abrigo Nosso Lar, em Little Rock. Como a instituição possui abrigos  separados para famílias, Summerville pôde ficar com suas duas filhas, que frequentam um programa no abrigo enquanto ele trabalha em um museu.



“Foi horrível no começo mas está melhorando”, disse Tiffany Summerville, 13. “Acho que ainda estou reagindo, porque nunca tínhamos estado num abrigo antes.”



O estado de Nova York ficou em 38º lugar no ranking do relatório, a pior colocação entre os do nordeste do país. Conforme a Coalizão pelos Sem-Teto, da cidade de Nova York, o número de famílias do município morando em abrigos atingiu um recorde no fim de novembro: 9.720 famílias, o número mais elevado desde que a prefeitura começou a levantar essa informação, 25 anos atrás.



Um desses abrigos hospeda Galina e Mark Turner, com o filho do casal, de 18 meses, Nareem. Meses atrás a família foi despejada do apartamento onde morava, por não conseguir pagar o aluguel. “É um lugar decente”, comenta Galina sobre o abrigo. “A pior parte é que você se sente como numa prisão”. Mark, desempregado, cuida de Nareem enquanto a mulher trabalha numa empresa de segurança.



O relatório apresenta 19 recomendações para enfrentar o problema. Entre elas figura o aumento dos gastos federais em programas habitacionais para famílias de baixa renda, assistência aos inquilinos em dificuldades e cuidados destinados às crianças sem-teto. Defende que é melhor instalar as famílias em moradias permanentes e não em abrigos. Na avaliação do documento, apesar da recessão seria possível acabar com o problema das crianças sem-teto americanas dentro de uma década.



Da redação, com agências