Mundo está vulnerável a nova crise alimentar, diz Krugman
O economista vencedor do prêmio Nobel Paul Krugman lembrou a necessidade de uma ajuda melhor coordenada para lidar com os preços dos alimentos, alertando que o mundo está vulnerável a uma repetição da alta dos mercados agrícolas de 2008.
Publicado 18/03/2009 13:26
Krugman afirmou que os motivos para o aumento dos preços dos alimentos no ano passado foram agora mascarados pela contração econômica e financeira, explicando que a falta de estoques físicos deixou claro que a especulação não tinha sido a principal causa. “Estamos errados por termos tirado a atenção da crise de alimentos”, disse ele.
“Volatilidade é um problema claro e ainda estamos extremamente vulneráveis a episódios desse tipo”, disse. “Todas as indicações são de que a crise de alimentos de 2008 foi um ensaio geral para crises futuras. Seria melhor termos algum mecanismo para lidar com isso”, disse Krugman. Na primeira metade de 2008, os setores de alimentos básicos como cereais, carnes e laticínios tiveram fortes altas de preços.
Relançamento da economia
Apesar de os mercados globais terem sofrido forte retração desde então, os preços de alimentos básicos ainda estão mais altos em termos reais do que no início desta década, completou Krugman. Uma maneira melhor de lidar com o problema, que segundo ele causou “um extraordinário impacto humano”, seria investir mais em pesquisa e desenvolvimento e produção futura de alimento, além de sincronizar de alguma maneira os vários pacotes de ajuda financeira de países desenvolvidos ao Terceiro Mundo.
“Uma coisa que podemos fazer é investir em futura produção de alimento. Está começando a parecer como se tivéssemos subinvestido seriamente e precisamos compensar”, disse Krugman. Ele disse ainda que “os Estados Unidos não estão fazendo o suficiente para combater a crise e a Europa está fazendo um pouco menos do que a metade”. Krugman defendeu ainda que os programas de relançamento da economia nos Estados Unidos e na Europa deveriam aumentar para cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB).
Controle centralizado
De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Alemanha, primeira economia da Europa, está gastando o equivalente a 1,5% do seu PIB para combater a recessão e 2% em 2010. Os Estados Unidos planejam estímulos da ordem de 2% da riqueza produzida em 2009 e 1,8% no próximo ano. “Não é suficiente, estamos realmente em perigo”, afirmou Krugman.
Krugman considerou que os esforços de relançamento deverão chegar a US$ 600 bilhões numa base anual nos Estados Unidos e a “qualquer coisa de similar” da ordem de US$ 500 bilhões na Europa. Para o economista, a Europa sofre de uma falta de controle centralizado da economia. “A Europa tem um problema real, não há uma autoridade central”, disse, acrescentando que “seria bastante útil, agora, se Bruxelas tivesse mais autoridade sobre a economia”.
Com agências