Com “identidade total”, Brasil e França agirão juntos no G20
“O presidente Lula e eu queremos que o mundo mude, que o mundo se mexa, que haja um mínimo de regulação, levando em contra o desastre que a desregulação representa”, disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, após almoçar com Lula nesta quarta-feira (1º
Publicado 01/04/2009 15:36
“Estamos conscientes de que se o Brasil e a França falam uma só voz, avançam junto, somos mais fortes”, disse ainda Sarkozy. Os dois países prepararam para o G20 uma “contribuição conjunta”, “por uma nova governança mundial”. Ambos insistem na necessidade de reformas na ordem econômica global, enquanto os Estados Unidos parecem desejar do G20 apenas um endosso dos pacotes anticrise adotados em cada país.
Lula alerta para “resistências”
Lula frisou a importância da concordância franco-brasileira, alertando que “haverá resistências” de alguns países do G20 a dar sinal verde a reformas como a regulação dos mercados financeiros mundiais e o combate aos paraísos fiscais. “Não são todos os amigos que pensam da mesma forma”, sublinhou.
“As turbulências que estamos vivendo hoje são consequência da falta de governo, da falta de responsabilidades”, afirmou Lula. “Tanto eu quanto o presidente Sarkozy não queremos participar de uma reunião fracassada”, disse ainda. Sarkozy, segundo a imprensa francesa, chegou a pensar em abandonar a cúpula de Londres caso as divergências entravem a “nova governança”.
“Negociamos uma parceria que propõe propostas concretas para o G-20. Todos sabem da expectativa que a reunião está gerando sobre os ombros dos líderes. Grandes decisões que serão tomadas amanhã serão políticas, e não apenas econômicas”, disse ainda o presidente brasileiro.
“O G20 vai ser uma reunião entre amigos, mas será difícil porque nem todo mundo está pensando da mesma forma. Estou convencido de que precisamos sair no mínimo com uma proposta que possa representar um alento. O medo é que causou essa crise. É preciso enfrentar o medo e tomar as decisões concretas”, concluiu Lula.
Tanto Paris como Brasília, assim como as demais capitais representadas na Cúpula, movimentam-se intensamente na busca de viabilizar alianças com vistas à cúpula de Londres. Sarkozy reforçou os laços com a Alemanha da primeira ministra Angela Merkel. Lula chegou à França vindo de Doha, onde se reuniu com governantes de 22 países árabes e 12 sul-americanos, em busca de reforço político para as proposições brasileiras.
Sarkozy exalta parceria e anuncia nova visita
Durante a coletiva conjunta o presidente francês fez uma exaltação da unidade que não se restringiu à reunião de Londres, entre os chefes de Estado e de governo das grandes economias desenvolvidas e emergentes. “Nossas prioridades, nossas agendas, nossos calendários, vão num mesmo sentido. Nossa parceria estratégica não é apenas econômica, é igualmente política e diplomática”, afirmou.
A aproximação Brasil-França ganhou impulso depois da última visita de Sarkozy a Brasília, em dezembro. Na ocasião os dois países assinaram acordos de cooperação inclusive no sensível terreno militar.
Sarkozy anunciou nova visita ao Brasil, no próximo 7 de setembro. “Em 7 de setembro anunciaremos novas decisões operacionais e de colaboração econômica, de transferência de tecnologias, de projetos industriais”, afirmou ele.
Da redação, com agências