Demissões na Azaléia apavoram sapateiros em Parobé

As demissões na unidade da empresa calçadista Vulcabras Azaléia em Parobé (RS), a 58 km de Porto Alegre (RS), apavoram os sapateiros do município. Somente nos três primeiros meses deste ano foram desligados em torno de 350 funcionários. Em duas semanas

O presidente do Sindicato dos Sapateiros de Parobé, João Pires, conta que a média semanal de demissões da Azaléia está entre 30 e 40. Ele considera o número bastante alto para o município, que tem na cadeia produtiva do calçado uma de suas principais atividades econômicas.


 



“As conseqüências são inúmeras. Aqui só se sabe fazer calçado e [a Azaléia] é a maior empresa do município. Imagina o caos que seria se a empresa desaparecesse da cidade. Isso implica em violência, no comércio que sobrevive aqui com a renda dos trabalhadores que fazem parte da indústria calçadista. Então seria para Parobé um caos total”, diz.


 


Segundo dados do sindicato, a Azaléia já chegou a empregar 8 mil funcionários apenas em Parobé. Atualmente, com a Vulcabras, emprega em torno de 3,7 mil. A unidade começou a esvaziar com a expansão do setor para o Nordeste durante a década de 90 devido às altas isenções fiscais. Atualmente, a Azaléia tem três fábricas nos estados da Bahia, Sergipe e Ceará.


 



A empresa justifica que as atuais demissões em Parobé se devem aos estoques cheios e à importação de calçados chineses, que reduz a venda dos calçados brasileiros. No entanto, para João Pires, os motivos podem ser outros.


 


“Entendemos que a crise, logicamente, freiou um pouco o consumo. E calçado não é diferente. Mas isso já é normal em todos os anos acontecerem. O que nós desconfiamos é que a empresa pretende investir mais em locais em que a mão-de-obra é mais barata, como Bahia e Sergipe. Eles ainda tem a fábrica na Argentina”, argumenta.


 


O sindicato realiza nesta quinta-feira (02) uma audiência com a prefeitura do município e demais entidades da região. O objetivo é conseguir o apoio da comunidade para pressionar a governadora Yeda Crusius a tomar medidas que incentivem o setor do calçado e estimulem a exportação, como a redução de impostos.



FONTE: Agencia Chasque