Sob pressão paulista, Aécio resiste a ser vice de Serra
Um dos potenciais candidatos do PSDB à Presidência da República em 2010, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, negou ontem que pretenda compor uma chapa única com o governador paulista, José Serra, para disputar o Planalto. A tese da chapa puro-sa
Publicado 08/04/2009 15:15
“Não existe essa possibilidade. Num quadro pluripartidário como o brasileiro, as alianças são absolutamente necessárias. E o PSDB não foge à regra”, disse o governador, que completou: “Será muito importante o compartilhamento da chapa com outro partido.”
A avaliação no PSDB é que uma chapa com Serra na liderança e Aécio na vice seria imbatível do ponto de vista eleitoral. Juntaria os dois principais colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas, onde ambos são bem avaliados. Juntos teriam um potencial de 44 milhões de eleitores, ou mais de 30% de todo o eleitorado nacional.
O principal cacique do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, já foi um dos entusiastas da chapa puro-sangue. Mas resolveu deixar de defendê-la, pelo menos publicamente, após Aécio ter se queixado de declarações dadas em favor da candidatura de Serra. Anteontem, em viagem a Washington, Fernando Henrique foi cuidadoso ao comentar uma eventual composição entre os dois: “Não posso dizer que acredito nisso, pois seria uma desconsideração com governador Aécio, que é candidato a ser cabeça de chapa.”
O presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), também esboçou ceticismo com a atual viabilidade de uma chapa puro-sangue no PSDB. “Apesar de ser uma coisa conveniente para o PSDB e para o país, não vejo como isso pode acontecer”, declarou o senador. “Numa eleição, o partido deve procurar parcerias. A chapa puro-sangue fecha a possibilidade de outras alianças”, afirmou o secretário-geral do partido, deputado Rodrigo de Castro (MG).
Ontem, em Minas, ao ser questionado sobre um acordo com Serra, Aécio respondeu: “Nós estamos no tempo dos boatos, da especulação. O que é natural. Isso vai ocorrer daqui até o momento da definição do partido. Não há mudança alguma.”
Os mineiros creditam aos tucanos paulistas o que chamam de boatos sobre a desistência de Aécio de disputar a indicação do PSDB. Mas mesmo aliados do mineiro acham que ele não insistirá na disputa, caso chegue ao ponto de realizar prévias. Aécio, no entanto, diz esperar a movimentação do partido, que trabalha internamente para criar as regras da consulta.
” O partido deve continuar se movimentando. Eu estou ficando rouco de dizer sempre a mesma coisa. E, no final do ano, o partido tomará a sua decisão. Eu espero que seja através das prévias partidárias”, completou o governador mineiro.
Caso não receba a indicação do PSDB para disputar a Presidência em 2010, Aécio avalia que o seu caminho natural é o Senado, para o qual não teria dificuldade de se eleger.
Tucanos defendem que uma composição entre Serra e Aécio passe por uma sinalização em torno da presidência do Senado. Se o governador paulista for mesmo o indicado pelo partido para disputar a eleição e se ele vencer a corrida para o Planalto, poderia trabalhar pela eleição de Aécio para a presidência do Senado. Claro que isso só seria possível se o mineiro se empenhasse por Serra, principalmente em Minas.
Aécio mantém seu plano de viajar pelo país. Depois de ter passado por Recife, irá a Fortaleza após a Semana Santa.
* Fonte: O Estado de S. Paulo