Argentina: muro para separar ricos e pobres gera polêmica
O início da construção de um muro de 250 metros de comprimento para separar as cidades de San Isidro e San Fernando, na província de Buenos Aires, tem causado polêmica na Argentina. A instalação do paredão foi determinada pelo prefeito de San Isidro, Gust
Publicado 09/04/2009 15:23
A presidente do país, Cristina Kirchner, mostrou-se, nesta quinta-feira, indignada com a iniciativa. “O muro é um involução. Estou assombrada. Em vez de separar devemos construir”, disse ela.
O prefeito da localidade, Gustavo Posse, contudo, reiterou sua disposição de erguer o paredão para separar as duas áreas. Com o pretexto de aumentar a segurança em uma área de luxo de sua cidade, Posse ordenou a construção “para que não passem ladrões” de um lado para o outro.
“Cerca de 80% dos crimes cometidos em nossa cidade são de autoria de pessoas de outros municípios. Nossa cidade é muito segura, mas para que esta segurança seja mantida, precisamos destes corredores de segurança”, afirmou Posse ao canal 13 de televisão. O prefeito disse ainda que “dentro da lei, fará de tudo para proteger os moradores”.
Contrários à medida, moradores afetados realizaram protestos junto aos trechos já construídos e arrancaram estruturas metálicas. “Somos iguais” é a frase que já se lê no canteiro de obras.
A construção do muro é uma iniciativa para atender ao pedido de 33 moradores do bairro nobre La Horqueta, em San Isidro, que querem evitar que os moradores do bairro carente de Villa Jardín, em San Fernando, caminhem no local, diz a imprensa argentina
O secretário de Segurança de Buenos Aires, Carlos Stornelli, informou que impedirá, “exercendo o poder da polícia”, que o paredão seja erguido. De acordo com ele, que visitou hoje a obra, trata-se de uma medida “eleitoreira”, que gera “violência e discriminação”.
O prefeito de San Fernando, Gerardo Amieiro, que se opõe à construção, entrou com um recurso contra a prefeitura vizinha, e garante que a violência “é sentida em maior medida pelos mais pobres que pelos mais ricos”.
Na mesma linha, o vice-presidente argentino, Julio Cobos – de oposição ao governo da presidente Cristina Kirchner – desaprovou a realização da obra, mas elogiou a gestão de Posse, que também é de oposição.
“Não pode haver uma fronteira na província de Buenos Aires, é preciso lutar pela integração social, e dar respostas às necessidades sociais e de segurança”, afirmou Cobos. O vice-presidente sugeriu que o governador da província de Buenos Aires, o governista Daniel Scioli, convoque os dois prefeitos para uma espécie de acareação, com o objetivo de se atingir o consenso.
San Isidro é um município que fica a cerca de 30 quilômetros da capital Buenos Aires.
Com agências