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Milhares de bolivianos aderem à greve de fome de Evo Morales

Milhares de bolivianos juntaram-se ao presidente do país, Evo Morales, na greve de fome que este iniciou na passada quinta-feira 99), pressionando o Congresso para garantir as eleições gerais em 6 de dezembro. De cama, ingerindo apenas água e chá de coca

A a rede internacional de TV Telesul informou que no departamento Pando três novos piquetes de grevistas se formara na sexta-feira. Pando, na Amazônia boliviana, extremo norte do país (faz fronteira com o Acre), foi o cenário do massacre de 11 camponeses en setembro passado. O governador do departamento, Leopoldo Fernández,  encontra-se preso como responsável pela chacina.

Mais de cem piquetes no país

Na cidade central de Cochabamba, os grevistas de fome mantiveram inalterado o seu movimento em apoio do presidente, segundo mostrou o Canal 7 da TV. Outro piquete foi formado em Santa Cruz, o principal foco oposicionista, no sudeste da Bolívia. Ao todo, foram criado mais de cem piquetes de grevistas que acompanham Evo Morales no protesto.

A Constituição boliviana, elaborada por uma Assembléia Constituinte e aprovada pelos eleitores no referendo de janeiro, prevê eleições em dezembro para todos os cargos. O próprio presidente deverá se submeter às urnas. Mas a oposição conservadora, temerosa da popularidade do presidente e de seus apoiadores, impede que a lei eleitoral seja discutida, negando quórum aos trabalhos legislativos.

Na Câmara de Representantes, na Bolívia, domina o MAS (Movimento Ao Socialismo), o partido de Morales, no poder. Já o Senado é maioritariamente oposicionista. Um esforço concentrado parlamentar iniciado está sendo obstruído pela oposição. O prazo para aprovar a lei eleitoral encerrou-se na quarta-feira.

''Devem achar que vou cansar''

''Só terminarei esta greve de fome quando a lei for aprovada. Devem estar achando que eu vou cansar. Mas uma vez (em 2002) fiz greve de fome durante 18 dias'', disse Evo Morales, segundo a Rádio Fides.

''Pedi aos companheiros que estão em greve no interior do país que suspendam suas ações e, se isto (a tentativa oposicionista de inviabilizar as eleições de dezembro) não se resolver por estes dias, preparar-se a partir de segunda-feira para aumentar a pressão, disse Evo em entrevista no palácio presidencial de Quemado para a Telesul. Ele pediu a seus companheiros que ''passem estes dias de Páscoa com a família''.

Morales, que se submeteu a um exame médico após completar 30 horas de jejum voluntário. O exame não apresentou problemas de saúde. Evo, que tem 49 anos, realiza sua 18ª greve de fome desde que iniciou a militância sindical; a primeira foi 25 anos atrás. ''Estou como um jovem de 15 anos'', brincou o presidente.

Também foram examinados os dirigentes populares que acompanham Evo na greve de fome no Palácio Qemado: Pedro Montes, líder da COB (Central Obreira Boliviana), Fidel Surco, do Conselho Nacional para a Mudança, Isaac Avalos, da Confederação Sindical Única de Trabalhadores Rurais da Bolívia, Jorge Baldivieso, Elias Quelca, camponeses Nacional ayllus Brand, que acompanha o governador na medida da pressão, que prescreve um comportamento semelhante.

Oposição tem medo das urnas

O chefe de Estado e seus acompanhantes enfrentam o jejum mascando folhas de coca, de reconhecido valor nutricional, usadas pelos bolivianos desde tempos imemoriais para neutralizar a fadiga e a fome.

Mesmo em jejum, o presidente trabalha intensamente para vencer a obstrução conservadora. ''É uma pessoa de enorme vitalidade; ontem, despediu-se às 2h30 ou três da manhã, e às cinco já estava de pé'', comentou Iván Canelas, porta-voz da presidência.

Chama a atenção o silêncio da mídia dominante latino-americana, diante de uma manobra obstrucionista da oposição que objetiva impedir o exercício do voto pelos cidadãos da Bolívia. Embora os oposicionistas não o confessem, é notória a causa de sua má vontade para com as eleições de dezembro: temem sofrer a sua sexta derrota eleitoral desde a eleição de Evo em 2005.

Evo foi contundente na sua crítica: ''Um parlamentar devia ser como qualquer outro trabalhador. Quando alguém abandona o trabalho, não recebe um castigo?'', indagou.

Da redação, com agências