Presidente da Petrobras diz que CPI é um 'palco midiático'
Durante encontro com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-MA), o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que a CPI é “palco midiático”e pode prejudicar a companhia. De acordo com Gabrielli, uma Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI)
Publicado 15/05/2009 20:54
“A instalação de uma CPI é uma prerrogativa do Congresso, mas é preciso pensar que a Petrobras tem 700 mil acionistas e seus papéis são negociados também na bolsa de Nova York. É uma empresa muito observada”, argumentou.
Atitude açodada
Na manhã desta sexta-feira (15), o PSDB conseguiu realizar no plenário o ritual de criação da CPI, após o partido Democratas, também da oposição, ter concordado na véspera ouvir primeiro as explicações de Gabrielli, antes de optar por um inquérito político.
Antes de viajar para a Arábia Saudita, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “irresponsável” a iniciativa dos senadores tucanos. (Leia mais)
Aliados do governo concordam com a avaliação de Gabrielli e dizem que envolver a empresa numa investigação agora, no contexto da crise financeira global, pode atrapalhar os planos da Petrobras na captação de financiamentos para a exploração da área do pré-sal, de onde a empresa espera obter enormes quantidades de petróleo.
Além disso, prejudica a tentativa de dar início a um debate público sobre o novo marco regulatório do setor de petróleo, previsto para chegar ao Congresso em breve.
Segundo o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), a base aliada se reunirá no início da próxima semana para definir uma estratégia de atuação.
“Combinamos um procedimento, mas foi feito outro”, disse o parlamentar, referindo-se ao acordo de convocar Gabrielli antes de decidir pela CPI.
“Foi uma atitude açodada (do PSDB)”, reclamou.
Maioria do governo
A criação de CPIs é um direito da minoria no Parlamento, mas a composição da comissão respeita a representatividade de cada partido na Casa. Isso significa que, se for instalada, a base do governo tem maioria e condições de limitar as investigações.
Nas últimas duas CPIs patrocinadas pela oposição- das ONGs e dos cartões corporativos- o governo tem conseguido esvaziar o inquérito parlamentar.
“A CPI da Petrobras pode não ter resultado nenhum, pois o governo terá maioria”, ponderou o senador Casagrande.
“Pode também ser um tiro no pé da oposição, pois está deixando a eleição de 2010 contaminar (o processo legislativo). Além do risco de mercado, tem o risco político”, adicionou.
Apesar da maioria formal e das chances de evitar desgastes para o governo, há um ditado político muito usado na crise do mensalão: “CPI, todo mundo sabe como começa, mas nunca como termina.”
Da redação,
com agências
Leia também: Inácio Arruda: 'burlas' da oposição podem anular CPI