Ivina Carla – Bérgson merece mais do que indenização
Com vida intensa política por conta da época, Bérgson Gurjão passou pelo período mais tenebroso da ditadura. Anos depois de os militares queimarem a sede da UNE, praticaram outra perversidade que seria prender cerca de mil estudantes que participaram do C
Publicado 20/05/2009 09:06 | Editado 04/03/2020 16:35
Pelos relatos é possível imaginar a dificuldade que se tinha de fazer movimento, com perseguições, prisões, torturas, entre outras coisas ruins que uma parte do Brasil via e outra não conseguia ver porque era impedida pelo forte esquema de comunicação armado para driblar os olhos da sociedade.
Hoje continuamos um movimento que este jovem e outros fizeram, lutaram até a morte para que o Brasil retomasse não só a democracia e liberdade de expressão, mas que se desenvolvesse em benefício do povo, vencendo a chaga da miséria e da injustiça.
A primeira vez que entrei na sede do PCdoB/Ceará, o quadro com a foto do Bérgson me chamou atenção, sempre imaginei quanta rebeldia saltava daquele olhar e quantos sonhos frutos da coletividade e determinação foram barrados por um período de extrema truculência.
A morte desse guerrilheiro é a prova de como na ditadura o que valia era eliminar os militantes e as formas foram as mais perversas. Bérgson foi morto aos 25 anos, teve o corpo deformado e pendurado numa árvore, forma de intimidar a população e outros ativistas.
Temos a tarefa de fazer com que além da indenização amparada pela lei 9.140-95* seja de fato assegurada para a família, mas também que o povo cearense conheça a história de Bérgson Gurjão que é parte da nossa memória e símbolo da juventude que luta por dias melhores para o nosso Brasil.
* Lei 9.140-95 responsabiliza a União pela morte de presos políticos e faz jus a respectiva indenização.
Ivina Carla é Acadêmica de Jornalismo