Rússia e Estados Unidos negociam novo desarmamento nuclear
A Rússia e os Estados Unidos começaram na última terça-feira (19) a negociar, em Moscou, um novo pacto de desarmamento nuclear, no lugar do Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START, em sua sigla em inglês), assinado em 1991 e cuja validade finda
Publicado 20/05/2009 13:22
As equipes de especialistas — a estadunidense encabeçada pela vice-secretaria de Estado Rose Gottemoeller, e a russa sob o comando do diretor-geral de segurança e desarmamento da chancelaria, Anatoli Antonov — procuram elaborar, até esta quarta-feira, um primeiro documento que fixe as posições oficiais de cada país com os aspectos chave do futuro acordo.
O resultado — que se concebe como catálogo de divergências e propostas — será entregue aos presidentes Dimitri Medvediev e Barack Obama, que se reunirão em Moscou de 6 a 8 de julho deste ano.
O Kremlin e a Casa Branca estão conscientes de que acabam de iniciar uma espécie de corrida contra o relógio, já que dispõem de apenas cinco meses para assinar um novo tratado de desarmamento nuclear.
No cenário mais otimista, a Duma russa e o Congresso estadunidense teriam um par de meses adicionais para ratificar tal pacto, antes de que o atual expire em 5 de dezembro.
Mesmo com Medvediev e Obama concordando que a assinatura de um novo START seria a melhor forma de “relançar” a relação bilateral, tudo parece indicar que nenhuma das partes está disposta a empreender uma redução drástica de seu armamento estratégico, sem chegar a entendimentos prévios em relação a discrepâncias essenciais em matéria de segurança.
E já não há tempo, de agora até o fim do ano, para que Moscou e Washington consigam superar suas diferenças a respeito da intenção estadunidense de instalar componentes de seu escudo antimísseis na República Tcheca e Polônia; de expandir o Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan) para a Europa Oriental; para garantir a não proliferação nuclear em meio a um crescente número de países que já possuem armamento desse tipo e outros próximos de consegui-lo, e as sequelas geopolíticas da Guerra do Cáucaso entre Rússia e Geórgia, mencionando somente quatro pontos da agenda bilateral de desencontros.
Os negociadores se debruçarão na preparação de um pacto que cumpra um duplo propósito: selar o compromisso de desarmamento russo e estadunidense, ao substituir o START, e assentar as bases para reduções posteriores mais substanciais, provavelmente não antes de 2012, quando vencerá outro tratado.