Bolívia fala em acionar Peru em Haia por asilo a ex-ministros
A Bolívia pretende entrar com uma ação contra o Peru na Corte Internacional de Justiça de Haia, para reverter o refúgio e o asilo político concedidos pelo governo de Lima a três ex-ministros bolivianos que respondem a processos pelas mortes de 67
Publicado 20/05/2009 14:59
“Vamos apelar à Corte Internacional. Não é possível que alguns países deem asilo a pessoas que respondem a processos por crimes contra a humanidade. Estamos estudando uma ação do Estado boliviano para que o Estado peruano suspenda esta medida, otorgada pelo governo de Alan García a três ministros de ex-presidente ultraliberal Gonzalo Sánchez de Lozada (2002-2003), que enfrenta um julgamento por genocídio”, afirmou Morales, durante a inauguração de uma rede de gasodutos na região central do país.
Morales, contudo, não percisou a data na qual pretende acionar a Corte Internacional. E afirmou ainda que espera que o governo peruano suspenda o asilo e, assim, “não tenha problemas” com a ação em Haia.
Os três ex-ministros – Jorge Torres Obleas (Fazenda), Mirtha Quevedo (Participação Popular) e Javier Torres Goitia (saúde) -, o ex-presidente Gonzalo Sánchez de Lozada e outras treze antigas autoridades do governo boliviano são réus em um processo que apura a responsabilidade pelas mortes de mais de 60 civis durante protestos em 2003.
Apenas oitos dos 17 réus compareceram ao julgamento na Suprema Corte de Justiça, que começou na última segunda-feira. Entre os que não compareceram ao tribunal está Sánchez de Lozada, que vive exilado nos EUA.
Críticas
As afirmações de Morales geraram críticas no Peru. O ex-chanceler do país, Luis Gonzales Posada, disse à imprensa peruana que o presidente boliviano vai “passar um papelão” se confirmar a ação no Tribunal Internacional.
“Com essa ação, o presidente Evo Morales vai passar um papelão internacional. Ele seria o primeiro presidente na história a questionar um direito sagrado, que é o asilo”, afirmou Gonzales Posada.
Na última segunda-feira, a Suprema Corte de Justiça declarou “rebeldes” o ex-presidente Lozada e seis ministros de seu gabinete, por eles não terem se apresentado ao tribunal onde serão julgados por acusações de “genocídio”.
A Justiça boliviana determinou a detenção dos acusados, para que comparecessem ao julgamento. A sessão foi suspensa até esta quarta-feira, depois que um dos acusados, Yerko Kukoc, recusou os dez juízes e assistentes do caso.
Seu pedido será avaliado nesta quarta-feira, quando será definido o destino do julgamento. Nesta terça-feira, o ministro boliviano das Relações Exteriores, David Choquehuanca, disse que, quando a ordem da Justiça chegar ao seu gabinete, iniciará as medidas necessárias para a extradição dos réus que estão no exterior.
Além de Sánchez de Lozada e dos três ex-ministros exilados no Peru, acredita-se que pelo menos outros três dos 17 acusados estejam em outros países. Em outubro de 2003, uma revolta popular contra a privatização do gás foi reprimida nas ruas, provocando as mortes de 67 civis nas cidades de El Alto e La Paz. A situação levou à renúncia de Sánchez de Lozada.
Com ABI