''Abrindo caminhos para reforçar um rumo progressista em BH'', por Sérgio Danilo

O coordenador da Fundação Maurício Grabois – Seção MG, Sérgio Danilo, faz análise da conjuntura politica, convocando um entendimento e convergência entre todas as forças populares. ''Eis o modo pelo qual nós entendemos e cumprimos o trabalho concreto d

Nossa tarefa essencial é a de preparar o tecido unitário, recolher a grande maioria do povo em torno de um programa de luta pelo saneamento e a renovação democrática de toda a sociedade e do Estado, e fazer corresponder a este programa e a esta maioria uma coalizão de forças políticas capaz de realizá-lo. Só esta linha, e nenhuma outra, pode isolar e derrotar os grupos conservadores e reacionários, pode dar à democracia solidez e força, pode fazer avançar a transformação da sociedade.


 


Sempre soubemos, e continuamos a saber, que o avanço das classes trabalhadoras e da democracia será combatido, com todos os meios possíveis, pelos grupos sociais dominantes e seus aparelhos de poder.


 


Mas que conclusões devemos tirar desta consciência? Talvez aquela, proposta por alguns, de abandonar o terreno democrático e unitário em benefício de uma estratégia leviana, com a qual, todavia, chega-se rápida e inevitavelmente ao isolamento da vanguarda e à sua derrota? Ao contrário, pensamos em nos empenhar com ainda maior decisão, inteligência e paciência no sentido de isolar os grupos reacionários e buscar todo possível entendimento e convergência entre todas as forças populares.


 


O problema das alianças é, então, o problema decisivo de toda política conseqüente, assim como também é decisivo para a afirmação da via  de um caminho de desenvolvimento democrático.


 


Assim, não nos limitamos a buscar e a estabelecer convergências com figuras sociais e categorias econômicas já definidas, mas queremos conquistar e incluir, em um articulado conjunto de alianças, grupos inteiros da população, forças sociais não classificáveis como classes, tais como são, precisamente, as mulheres, os jovens e as jovens, as massas populares, as forças da cultura, os movimentos de opinião; e propomos objetivos não apenas econômicos e sociais, mas de desenvolvimento civil, de progresso democrático, de afirmação da dignidade da pessoa, de expansão das múltiplas liberdades do homem. Eis o modo pelo qual nós entendemos e cumprimos o trabalho concreto de construir e preparar as bases, as condições e as garantias daquilo que se costuma chamar um “modelo” novo de projeto democrático e progressista. 


 


Conscientes disso, sempre pensamos que a unidade dos partidos dos trabalhadores e das forças de esquerda não é condição suficiente para garantir a defesa e o progresso da democracia, nos casos em que se contraponha a esta unidade um bloco de partidos que se situem do centro até a extrema-direita. O problema político central foi, e continua a ser mais do que nunca, exatamente evitar que se chegue a uma coligação estável e orgânica entre o centro e a direita e em vez disso conseguir deslocar as forças sociais e políticas que se situam no centro até posições coerentemente democráticas.


 


Obviamente, a unidade, a força política e eleitoral das esquerdas e o entendimento cada vez mais sólido entre suas diversas e autônomas expressões é a condição indispensável para manter na cidade uma crescente pressão para a mudança e para determiná-la.


 


Eis por que falamos não de uma “projeto de esquerda”, mas de um “projeto democrático e progressista”, isto é, de uma perspectiva política de colaboração e entendimento das forças de inspiração de esquerda com as forças populares de centro além de outras forças de orientação democrática.


 


Certamente, somos os primeiros a compreender que o caminho rumo a esta perspectiva não é fácil nem pode ser encurtado. Bem sabemos, também, quantas e quais batalhas árduas e urgentes será necessário conduzir, nos mais variados planos e não somente no plano do nosso partido, com determinação e com paciência, para afirmar esta perspectiva.


 


Mas não se pode crer que o tempo à disposição seja indefinido. A gravidade dos problemas da cidade, as ameaças sempre iminentes de  retrocessos de caráter reacionário e a necessidade da capital de Minas Gerais de forma decidida ampliar um caminho seguro de desenvolvimento, de renovação social e de progresso democrático tornam sempre mais urgente e maduro que se chegue ao que pode ser definido como o novo e alargado “projeto democrático e progressista” entre as forças que reúnem e representam a grande maioria do povo da cidade de Belo Horizonte.


 


Mas o ponto sobre o qual queremos chamar a atenção dos trabalhadores e das outras forças de esquerda é a necessidade de buscar, de construir uma coalizão social, política e também de governo, que, não reduzível a uma simples maioria parlamentar por causa da amplitude das suas bases, proteja a cidade de todo retrocesso nas  vias de ampliação da democracia e participação dos setores organizados do povo na gestão do estado e garanta o caminho da renovação da sociedade.


 


* Sérgio Danilo M. Rocha é coordenador da Fundação Maurício Grabois – Seção MG