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Orestes Quércia, quem diria, acabou Serra doente

O ex-governador Orestes Quécia, hoje presidente do PMDB-São Paulo, tem uma história de denúncia e combate ao neoliberalismo tucano em geral e muito especialmente ao tucanato de São Paulo, com José Serra à frente. A confrontação data pelo menos de 

Serra disputou o Senado em 2002 apoiando a candidatura presidencial de Lula, e o governo paulista em 2006 com um discurso ''nem PT nem PSDB''. A guinada aconteceu em 2008, quando ele entrou na campanha pela reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM) já anunciando que em 2010 seria Serra.



Na entrevista, o jornalista Sérgio Pardellas começa querendo saber como, se o PMDB participa do governo Lula, iria apoiar o candidato da oposição. ''Nós achamos que é preciso mudar e a opção que se tem é o Serra. Sempre fui contra o PT'', responde Quércia.



O ex-governador tem percorrido o Brasil, às vezes junto com outro peemedebista pró-Serra, o senador Jarbas Vasconcelos (PE), procurando atrair segmentos do partido para a causa tucana. Ele cita a Bahia, Pará, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. Mas seu acordo é especificamente com Serra, como fica claro quando Pardellas pergunta o que acontece se o candidato for o governador Mineiro Aécio Neves:



''Se for Aécio, vamos precisar reformular. São conversas para o Serra. Mas, se ele apoiar o Aécio, nós estaremos com o Serra, apoiando o Aécio'', responde Quércia.
O PMDB tem jogado o papel de grande partido de centro na vida política brasileira. Com dificuldades para se unificar programaticamente e apresentar uma alternativa própria, vive assediado pelas forças conservadoras e pelas progressistas. Ora pende para um lado, ora para o outro, ou ainda se divide.



A seção paulista do PMDB tem a particularidade de viver um longo processo de erosão e perda de força, desde que Quércia deixou o governo em 1990, fez o sucessor (Luiz Antônio Fleury) mas este rompeu com ele. Na eleição seguinte os tucanos chegaram ao Palácio dos Bandeirantes, para não mais saírem. A política estadual passou a seguir uma lógica polarizada entre PSDB e PT, Em 2002 Quércia ficou em terceiro lugar para senador, com 15,8% dos votos; e, 2006 teve 4,6% para o governo.



Isso ajuda a explicar por que o ex-governador mudou de lado e de discurso, a ponto de parecer serrista desde criancinha. Quando o entrevistador perguntou-lhe como ficava a sua tradicional denúncia dos pedágios tucanos nas rodovias paulistas, não teve dúvidas. Embora ressalvando que ''nunca fiz pedágio'', agregou que ''já disse para o pessoal de marketing (de Serra) que nós vamos fazer campanha preocupados com o futuro, não com o passado''.



É um segredo de polichinelo na política de São Paulo que o acordo Quércia-Serra envolveu a oferta de apoio para o ex-governador tentar outra vez o Senado em 2010. Quanto ao resultado que seu cavalo de pau proporcionará, é difícil prever a um ano e meio da eleição, ainda mais com variáveis em aberto como o fator Dilma Rousseff e a evolução da crise econômica global. Hoje, Quércia é ao lado de Jarbas o mais afoito serrista do PMDB; mas é difícil prever que outras guinadas dará amanhã, e depois.


Clique aqui para ver a íntegra da entrevista na IstoÉ