Debate sobre crise marcou lançamento de edição especial da Revista Princípios no Ceará

A Editora Anita Garibaldi e a Fundação Maurício Grabois, realizaram nesta sexta-feira (29), no auditório da Reitoria da Universidade Federal do Ceará, um debate com o tema “Crise: para onde vão o mundo e o Brasil”. O evento marcou o lançamento da edição N

“Essa é a maior crise do sistema capitalista, desde 1929. Não uma crise econômica, mas uma crise do sistema”, afirmou o historiador Augusto Buonicore, primeiro debatedor da noite. Para ele, a crise atual está causando uma desestabilização em vários países no mundo. Estima-se mais de 250 milhões de desempregados e mais de 100 milhões de pessoas na miséria em todo o mundo.


 


O historiador comentou ainda que a crise atual ajuda a acelerar as transições geopolíticas, ocasionadas por mudanças na correlação de forças no mundo. Os Estados Unidos, segundo ele, vem perdendo sua hegemonia econômica enquanto a China hoje se configura como seu maior credor. Para Buonicore, a situação positiva na China é conseqüência da política econômica adotada no país. “Mais de 80% dos bancos chineses estão sob o controle do Estado. O câmbio é controlado e os investimentos voltados para o mercado interno. A China controla sua economia”, informou.


 


Ainda segundo Buonicore, a crise tem colocado o socialismo em discussão. Para ele, nunca na história recente, o socialismo havia sido cogitado como uma alternativa. Em pesquisa feita pela BBC de Londres, Marx foi eleito o filósofo mais importante da atualidade. Mas o historiador faz um alerta. Enquanto perde sua hegemonia econômica, os EUA mantêm sua supremacia militar. “Hoje 50% dos armamentos do mundo estão em mão americanas, eles não vão ficar olhando sua influência ir se esvaindo”. De acordo com ele, o exemplo disso é a reativação da Quarta Frota americana, nas águas da América Latina.


 


O professor Jawdat Abu-El-Haj, destacou que os paises em desenvolvimento apresentam alternativas para a crise. Fazendo uma análise da situação do Brasil, o professor ressaltou os avanços do país no campo da renovação tecnológica e da expansão dos parques universitários, mas destacou a necessidade de combater as desigualdades regionais e de uma política econômica voltada para o mercado interno. Jawdat reforçou ainda a necessidade de um projeto político mais consistente. Segundo ele, o Brasil precisa de um projeto político mais ambicioso.


 


Sobre a centésima edição da Revista Princípios


 


“Esta é uma vitória da imprensa popular e democrática brasileira, não de uma corrente política e sim do povo brasileiro”. Foi essa a afirmação de Augusto Buonicore, em sua breve exposição sobre a trajetória da revista Princípios, desde o seu lançamento até hoje, sua centésima edição. Com 28 anos, mais de 300 artigos e mais de 500 colaboradores ao longo desses anos, a revista, de acordo com ele, se destaca pela sua pluralidade, pela riqueza de seus colaboradores e pela presença combativa nos momentos importantes da história recente do Brasil e do mundo.


 


Segundo Buonicore, a Princípios foi a primeira publicação no Brasil a usar o conceito de neoliberalismo. A revista buscou em sua pauta, compreender o neoliberalismo e denunciar que ele é o maior inimigo dos povos, debateu de forma clara as experiências socialistas no leste europeu, destacando seus pontos positivos e negativos. Hoje, a revista se volta para os grandes debates da atualidade, buscando discutir a nova luta pelo socialismo.


 


Ao fim de sua exposição, Augusto Buonicore, homenageou João Amazonas, presidente nacional do PCdoB, morto em 2002, criador da revista.


 


De Fortaleza,


Daniele Cavalcante (acadêmica do curso de Jornalismo)