Polícia mata mais nas favelas do Rio

De cada quatro pessoas assassinadas no Rio, uma é morta por policiais durante confrontos. A maioria dos homicídios acontece em bairros das zonas Norte e Oeste, onde estão concentradas as maiores favelas da cidade. É o que mostra o estudo Segregação Territ

Ainda de acordo com a pesquisa, a maioria das vítimas de homicídios no Rio morava a menos de um quilômetro do local do assassinato — grande parte delas no entorno das comunidades.



O estudo cita as proximidades dos complexos da Maré, do Alemão, de São Carlos e bairros da Zona Oeste como áreas com o maior número de vítimas.



Segundo levantamento feito no estudo do Ipea, o único bairro da cidade que registrou taxa zero de homicídios foi o Joá, pequeno bairro entre São Conrado e Barra da Tijuca.



De acordo com uma das autoras da pesquisa, Patrícia Rivero, o uso da violência da polícia é mais letal na zona norte e na zona oeste litorânea do município, lugares onde se concentram a maioria das favelas.



“Você tem duas estratégias diferentes da ação da polícia dependendo do lugar onde ela trabalha. E essas estratégias têm a ver com uma política intencional, com uma política de como você percebe que pode combater a noção de criminalidade.”



Ela chamou atenção para o fato de que quem morre nem sempre são pessoas envolvidas com o tráfico, mas os moradores que ficam no fogo cruzado entre a polícia e o crime organizado.



“Essas pessoas que ficam reféns são também as pessoas que morrem, são trabalhadores não qualificados. Além de serem vulneráveis à pobreza, são vulneráveis também à violência.”



A pesquisa revelou ainda que o número de prisões é maior na área mais nobre da cidade, a zona sul. A maioria dos presos não mora na região. São pobres, negros e sem trabalho registrado.



Na metodologia de cálculo do Ipea para mapear a situação do Rio, foram utilizados os números de homicídios dolosos (com intenção de matar), latrocínios (roubo seguido de morte) e também o chamado auto de resistência, que compila as pessoas mortas durante os confrontos entre policiais e criminosos.